Visita de detentas marca início de programação do mês da mulher no CCJF

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Foto: TRF2
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O Centro Cultural Justiça Federal (CCJF), unidade do Tribunal Regional Federal da 2ª Região (TRF2), abriu as portas na semana em que se comemora o Dia Internacional da Mulher para a visita de 19 detentas do Instituto Penal Oscar Stevenson. Elas tiveram a oportunidade de fazer uma visita guiada pelo prédio histórico na segunda-feira (7/3) e conheceram a história da sede do Supremo Tribunal Federal (STF) até a transferência da capital do país para Brasília, em 1960.

Elas também percorreram as galerias das exposições em cartaz no espaço. Uma delas, a mostra “Ausência – correspondência fotográfica”, da premiada fotojornalista Nana Moraes, reúne material realizado em colaboração com mulheres também inseridas no sistema carcerário.

Atualmente cumprindo pena em regime semiaberto, as mulheres foram recebidas pela diretora-geral do CCJF, desembargadora federal Simone Schreiber. Ela agradeceu à Secretaria estadual de Administração Penitenciária pela parceria que tornou o encontro possível e, em especial, às próprias detentas, cuja presença, afirmou, “dá sentido a este trabalho”.

Simone Schreiber destacou que um dos propósitos do CCJF é fomentar eventos que explorem a arte e a cultura como instrumentos de integração social e de promoção da consciência sobre a realidade brasileira. “Tenho certeza de que este é apenas o primeiro de muitos frutos que esta parceria renderá.”

Desigualdades

A fotojornalista Nana Moraes declarou sua satisfação pelo fato de a visita à exposição “Ausência” ser o marco inicial da parceria com o órgão de administração penitenciária. “É motivo de grande alegria para mim que esta semente tenha germinado a partir do meu trabalho”, afirmou. “Nossas diferenças, que parecem grandes num primeiro olhar, encontram-se na nossa condição comum de mulheres lutando contra a desigualdades.”

A interna Solimar Santos acrescentou que ações como a do CCJF geram oportunidades e perspectivas de um futuro melhor para as mulheres que se aproximam de cumprir seu tempo no sistema carcerário. “Faz a gente acreditar que temos chance de mudar o quadro, de trabalhar pelo próximo e ter uma vida digna.”

É o que igualmente pensa a interna Simone Neves, que faz aniversário neste Dia Internacional da Mulher e está prestes a progredir para o regime penal aberto. “É meu presente de aniversário. Estar aqui, me sentindo valorizada, neste lugar tão bonito é muito bom.”

Visita guiada

A visita foi organizada com o apoio da Coordenadoria das Unidades Prisionais Femininas e Cidadania LGBT da Seap/RJ. A coordenadora, Niete Moura, conta que o órgão foi o primeiro do país direcionado à construção de políticas públicas para essas populações carcerárias específicas. “É um desafio imenso, mas recompensador e com resultados evidentemente positivos.”

A atividade no CCJF começou com uma apresentação do servidor do setor de Arte e Educação Wanderley Lemgruber, que sintetizou a história do edifício, iniciada com a inauguração em 1908, e apontou detalhes arquitetônicos da antiga sala de sessões do STF, como os vitrais e os painéis pintados dos tetos e paredes. Já o assessor institucional e diretor executivo em exercício do CCJF, Evandro Salles, guiou a visita pelas salas que acolhem duas outras exposições também em cartaz: “Inferno de Dante” e “Riviere”, da artista italiana Valentina Vannicola.

Aberto em 2001, o CCJF é localizado em prédio tombado pelo IPHAN,  projetado pelo arquiteto Adolpho Morales de Los Rios, sendo um dos mais importantes testemunhos da arquitetura eclética do país. Entre as atividades previstas para o biênio 2021-2023, estão a realização de seminários on-line e o apoio técnico a projetos de artes cênicas, artes visuais, fotografia, audiovisual e música, selecionados por meio dos editais anuais. Também faz parte do planejamento de ações uma interlocução com as principais instituições culturais do entorno da sede do CCJF, que formam o corredor cultural do Centro do Rio de Janeiro.

Fonte: TRF2

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