Utilização da entrevista em pesquisas empíricas foi tema de seminário no CNJ

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O Conselho Nacional de Justiça (CNJ) promoveu o quinto seminário da série sobre “Como fazer Pesquisas Empíricas Aplicadas a Políticas Judiciárias”, promovido pelo Departamento de Pesquisas Judiciárias (DPJ). De modo didático e explicativo, foram apresentadas as principais ferramentas, técnicas e modalidades de entrevistas como método para realização de pesquisa empírica em Direito no âmbito do Judiciário.

A apresentação foi feita pela coordenadora do Grupo de Pesquisa e Estudos de Inclusão na Academia (GPEIA), pesquisadora do grupo Constituição, Política e Instituições (copi – USP) e professora na Sociedade Brasileira de Direito Público (SBDP), Lívia Gil Guimarães. O encontro foi transmitido na quinta-feira (22/6), pelo canal do CNJ no YouTube. Dos dois tipos de entrevistas, quantitativa e qualitativa, a professora trouxe os conceitos que envolvem a entrevista qualitativa, explorando suas particularidades e significados, além de demonstrar aplicações práticas do método em trabalhos já concluídos por ela.

Segundo a professora, o uso da entrevista como método científico em pesquisas no Direito é uma prática relativamente ainda pouco conhecida, pois os estudos mais comuns nessa área são feitos a partir de investigação documental. Conforme explicou, a entrevista tem despertado o interesse da Academia e dos agentes de pesquisa jurídica por se tratar de uma modalidade técnica essencialmente humana, que requer um olhar atento aos entrevistados.

“Minha paixão por entrevista vem do meu interesse no indivíduo, nas histórias, nas narrativas que ele tem para contar. Isso é fundamental: em geral temos contato com tipos de entrevistas ao longo da nossa vida, mas essa troca de informações e de perguntas conduzidas tecnicamente é essencial para o levantamento de dados em uma pesquisa empírica”, defendeu.

A professora também detalhou como o pesquisador ou a pesquisadora deve conduzir entrevistas relacionadas aos seus trabalhos acadêmicos. Lívia chamou a atenção para o roteiro, caracterizando-o como “fio condutor” de toda e qualquer pesquisa que escolha este método. Conforme ressaltou a professora, a entrevista “não é uma conversa qualquer”: ela deve ser conduzida de modo profissional e com o rigor da Ciência e dos objetivos traçados na pesquisa empírica.

“É importante que o pesquisador ou pesquisadora tenha bastante claro quais são os objetivos de sua pesquisa para que a entrevista seja conduzida de modo profissional e científico. A entrevista empírica não é uma conversa como qualquer outra, é sobretudo a aplicação de um método rigoroso de se fazer Ciência”, afirmou.

É necessário também compreender quem são essas pessoas, quais fenômenos sociais envolvem o entrevistado, em quais contextos vive e como ele constrói às suas respostas face às interpretações que ele faz do mundo. Todas essas questões, salientadas pela professora, devem ser muito bem avaliadas pelo entrevistador durante as abordagens.

“O ideal é que as entrevistas sejam presenciais, pois essa é a forma mais adequada de se absorver mais informações daquilo que não está dito, do que não está verbalizado na resposta do entrevistado. Presencialmente temos uma maior capacidade de perceber o entorno e a linguagem corporal. No entanto, nada impede que as entrevistas sejam realizadas de modo virtual”, pondera.

A palestrante também abordou questões de ética, de confidencialidade, de publicidade e de acesso. Uma das providências é obter, do entrevistado, a assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE). O documento garante a permissão do participante para a utilização de suas informações.

Rede de pesquisas

A série de seminários promovida pelo CNJ se relaciona com a Resolução CNJ n. 462/2022, que instituiu a Rede de Pesquisas Judiciárias e normatizou a criação dos grupos de pesquisas judiciárias (GPJ) nos órgãos da Justiça. Após a resolução, a Rede de Pesquisas Judiciárias (RPJ) passou a gerenciar os dados, as estatísticas e a produção de estudos do Poder Judiciário.

Assista às íntegras dos seminários realizados pelo CNJ

Texto: Juliene Andrade
Edição: Sarah Barros
Agência CNJ de Notícias

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