Somando as atividades da 1ª Semana de Promoção e Defesa dos Direitos da População LGBTQIAPN+ do Tribunal de Justiça da Bahia (TJBA), a sede da Corte transforma o seu átrio em um espaço de expressão cultural. Até 28 de junho, o público pode apreciar a exposição “Transgeneridades Negras”.
Os artistas – Bruno Santana, Dante Freire e Kin Bissents – exploram temas que permeiam o universo LGBTQIAPN+, mediante fotografias, artes plásticas e audiovisuais, ampliando o debate e promovendo a inclusão.
Kin Bissents (mulher trans), cujo trabalho é centrado na pesquisa de fenótipos, ancestralidade e interseccionalidade, apresenta diversificadas criações. Ela utiliza as tecnologias digitais, métodos tradicionais como Nanquim e a técnica milenar egípcia têmpera de ovo. Ouça a fala da artista sobre as suas obras:
Dante (@sayt4n) é um multiartista nascido em Salvador (Bahia) e criado no sertão do sudoeste baiano, na cidade de Caculé, homem trans negro e fabricante de entidades imaginárias de tinta, explica o processo artístico e ideológico por trás das criações. “A arte, para mim, é uma ferramenta de luta e expressão”, destaca. Ouça a declaração do artista sobre o seu processo criativo:
“Achei bem interessantes a técnica e a proposta, pois são diferentes e inovadoras”, pontuou Lillian Carvalho, Coordenadora de Ações Estratégicas do Instituto do Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Inema), visitante da exibição.
A ação conta, também, com obras de arte de Bruno, professor, pesquisador, poeta, escritor, umbandista, soteropolitano e transativista negro pelos coletivos Transbatukada, Fórum Trans da Bahia e ManifestA ColetivA. Ele é licenciado em Educação Física pela Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS), pós-graduado em Gênero, Diversidade e Direitos Humanos pela Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira (UNILAB). Além disso, é idealizador do arquivo Transencruzilhadas da Memória e um dos organizadores e autores do livro Transmasculinidades Negras Brasileiras: Narrativas Plurais em Primeira Pessoa.
As obras são compostas por fotografias, textos e vídeos produzidos organicamente por transmasculinidades negras convidadas a partilhar suas memórias vivas. Coletivamente, essas poéticas traduzem narrativas e especificidades de ser e estar no mundo de corpos transmasculinos negros.
“A inspiração surge da minha própria trajetória enquanto homem trans negro, professor, pesquisador, poeta, umbandista e transativista. A maior das motivações é dar continuidade à luta das ancestralidades trans negras que abriram caminho e, ao fazê-lo, tensionar as estruturas cisheteronormativas. Olhar o passado para ressignificar o presente e construir novos futuros, sobretudo futuros de preservação e valorização das vidas trans e travestis. Nossa humanidade é inegociável”, explica o artista.
Cabe salientar que Bruno Santana foi o curador da Mostra e das atividades da Semana.
A Semana
Uma iniciativa da Comissão para a Promoção de Igualdade e Políticas Afirmativas em questões de Gênero e Orientação Sexual do TJBA (COGEN), com o apoio da Universidade Corporativa Ministro Hermes Lima (Unicorp-TJBA), a Semana busca trazer para o âmbito do Judiciário baiano o debate sobre pautas da comunidade LGBTQIAPN+.
À frente da COGEN, a Juíza Maria Angélica Matos destaca que o evento objetiva “aumentar a conscientização sobre as experiências e os desafios enfrentados pela comunidade LGBTQIAPN+, promover a empatia e fornecer orientações sobre como criar um ambiente inclusivo”.
Com a realização da Semana, a Comissão reforça o seu compromisso de discutir políticas afirmativas com vistas ao combate de qualquer tipo de discriminação e, sobretudo, de promover ações para sensibilização, garantia de direitos, humanização e valorização das vidas LGBTQIAPN+.