Em 2024, seis mulheres foram vítimas de feminicídio em Rondonópolis (212 km ao sul de Cuiabá). O município foi o que mais registrou mortes por razões da condição de gênero em Mato Grosso, com 12,7 % dos 57 casos. Com o propósito de mudar essa realidade, o Poder Judiciário de Mato Grosso e parceiros da Rede de Apoio às Mulheres do Município de Rondonópolis iniciaram, nesta terça-feira (18/2), o movimento “Todos por Elas”. A iniciativa, que chega à sua 6.ª edição, realizará ações de conscientização à população masculina sobre a violência de gênero pelos próximos 40 dias, até o dia 28 de março.
A solenidade de lançamento da campanha foi realizada no Fórum de Rondonópolis com a presença da desembargadora Maria Erotides Kneip. À frente da Coordenadoria Estadual da Mulher em Situação de Violência Doméstica e Familiar do TJMT (Cemulher/TJMT), a magistrada ressaltou a importância do trabalho em conjunto para reduzir os índices de violência contra mulheres, crianças e adolescentes.
“Esse movimento mostra que é possível sim trabalhar em unidade, é possível trabalhar de uma forma integrada com todas as instituições, com o que está na Lei Maria da Penha (Lei n. 11.340, de 2006). É também uma resposta do Poder Judiciário, que está empenhado nessa missão, por meio da Cemulher. Queremos que essa iniciativa de Rondonópolis seja um exemplo de mobilização das instituições para o resto do país”, reforçou a desembargadora.
A organizadora do movimento “Todos por Elas”, juíza Maria Mazarelo Farias Pinto, da Vara Especializada de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher de Rondonópolis, convocou entidades públicas e privadas para ampliar as atividades de prevenção e combate à violência contra a mulher.
“Que eles possam criar projetos efetivos, conforme suas competências. Nesta 6.ª edição, pretendemos diversificar e delegar o braço de prevenção para que todas as instituições tenham consciência de que, quando falamos de violência, falamos da nossa condição moral. Que cada empresa, entidade pública e privada possa trabalhar os temas e evitar a enorme quantidade de casos em tramitação no Judiciário”, convocou Maria Mazarelo.
Um dos parceiros efetivos e atuantes do movimento é a Polícia Rodoviária Federal (PRF), que desde o início atua na prevenção com ações educativas, no resgate de vítimas ou possíveis vítimas nas estradas.
Rede de apoio
O coordenador do programa “Todos por Elas” em Rondonópolis, o policial rodoviário federal Francisco Élcio Lucena, citou algumas das situações que precisam de um olhar cuidadoso dos agentes.
“Já chegaram mulheres que estavam sendo levadas de forma forçada, mas, com a sensibilidade desse projeto, dessas capacitações, os nossos policiais estão preparados para entrevistar e detectar qualquer tipo de violência, seja ela física, moral ou psicológica. Temos feito muitos resgates de mulheres que trabalham às margens das ruas, às vezes submissas a trabalho análogo à escravidão. Com isso, nós estamos cumprindo o que estabelece o artigo 8.º da Lei Maria da Penha, que é ter integração, no âmbito municipal, estadual ou federal, para que juntos possamos debelar esse grande mal que é a violência de todos os tipos”, pontuou.
Outro parceiro na ação é o Ministério Público Estadual (MPE), que contribuiu para a articulação e a promoção da ação para reduzir os casos de violência.
“Acreditamos que a discussão tem que ser posta na mesa, tem que estar em voga o tempo todo. Por isso, o Ministério Público e as demais instituições que fazem parte do sistema de justiça têm se esforçado muito para diminuir os percalços que a nossa própria história causou à vida de cada mulher, no que se refere à violência doméstica”, ponderou o promotor de justiça Ari Madeira Costa.
No final do encontro, a Câmara de Vereadores de Rondonópolis entregou à desembargadora Maria Erotides Kneip moção de aplauso em reconhecimento aos trabalhos realizados em defesa da mulher.
Todos por Elas
A 6.ª edição do “Todos por Elas” conta com um cronograma que inclui palestras sobre o enfrentamento da violência contra a mulher, adesivagem de veículos nas principais ruas da cidade, pit stops e distribuição de materiais informativos. Também será realizada uma audiência pública para discutir as questões relacionadas à violência de gênero e as medidas de apoio para criar um espaço de diálogo entre autoridades, especialistas e a comunidade.
O movimento só é possível com a contribuição de parceiros que incluem a Polícia Rodoviária Federal (PRF), a Prefeitura Municipal de Rondonópolis, a Concessionária Nova Rota do Oeste, o Sindicato das Empresas de Transportes de Cargas de Rondonópolis e Região (Setcarr), o Sindicato dos Trabalhadores no Transporte Terrestre de Rondonópolis e Região (STTRR), a Associação dos Transportadores de Carga de Rondonópolis (ATC), entre outras.
A solenidade de lançamento do programa contou com a presença da juíza Aline Luciane Ribeiro Viana Quinto Bissoni, da Quinta Vara e diretora do Fórum; do juiz Wanderlei José dos Reis, da Segunda Vara Especializada de Família e Sucessões; e do juiz Leonardo de Araújo Costa Tumiati, da Primeira Vara Criminal.
Também estiveram presentes no evento o presidente da Câmara de Vereadores de Rondonópolis, Paulo Schuh, além de representantes da Ordem dos Advogados de Mato Grosso — subseção Rondonópolis —, da Prefeitura Municipal, da Patrulha Maria da Penha, do 4.º Comando Regional da Polícia Militar (CR4), do Poder Legislativo estadual e municipal, do Corpo de Bombeiros de Mato Grosso, além de servidoras da equipe técnica da Cemulher/TJMT.