TJ do Amazonas inaugura Vara Especializada em Crimes contra a Dignidade Sexual de Crianças e Adolescentes

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10/10/2014 – A Justiça agora está preparada para combater os crimes de pedofilia que tanto afligem a sociedade e resigna qualquer pessoa de bem. O Tribunal de Justiça do Amazonas (TJAM) inaugurou na manhã desta sexta-feira (10), às 10h, a primeira Vara Especializada em Crimes Contra a Dignidade Sexual de Crianças e Adolescentes, apresentada na manhã desta quarta-feira (8), no Fórum Henoch Reis, pela presidente do TJAM, desembargadora Graça Figueiredo e pela juíza titular da vara, Patrícia Chacon.

De acordo com a presidente, tramitam hoje na Justiça do Amazonas, mais de 2 mil processos envolvendo crimes sexuais contras crianças e adolescente. No interior, eles somam aproximadamente 2.156 processos. Apesar da demanda, não havia espaço e nem condições de estrutura de trabalho para que a juíza desse maior celeridade aos processos dessa natureza, já que antes, eles integravam a Vara Especializada em Crimes Contra o Idoso, Adolescente e Criança, funcionando de forma improvisada sem, sequer, ter uma espaço lúdico adequado para ouvir as crianças. — Isso é coisa do passado. A partir de agora, a Justiça está, de fato, preparada para o combate desses crimes, porque vai contar com uma estrutura adequada e compatível, tanto no acolhimento das crianças vitimizadas, como para processar, julgar e colocar na cadeia esses animais – que não podem ser considerados seres humanos – , tirando-os do convívio por abusar contra a inocência de indefesos – dispara a desembargadora Graça.
A presidente do TJAM chegou ao Fórum Henoch Reis às 8h25, onde está sendo montada toda a estrutura da nova vara, integrando-se ao clima de comemoração à Semana da Criança. — Gostaríamos que fosse diferente. E que nessa data tivesse um motivo para comemorar e não houvesse uma estatística tão assustadora. Mas, infelizmente ela existe e temos que fazer o mínimo para combater essa anomalia que cresce cada vez mais no país e no mundo – lamentou Graça Figueiredo.”

“O relato de uma criança vitimizada,
Tem que ser acolhedor, e não mais
agressivo ainda do que ela já passou.
Porque é uma marca que nunca será
apagada. É uma marca que ficará para
sempre a alma dessa criança”

Depois de percorrer as dependências da nova Vara de Crimes Contra a Dignidade Sexual de Crianças e Adolescentes, a desembargadora enalteceu a luta da juíza Patrícia Chacon, considerada por ela uma “magistrada dedicada e que sofria pela falta de estrutura para desempenhar seu trabalho”.   — Apesar da dedicação da doutora Patrícia, ela tinha dificuldade de dar maior celeridade aos processos. A vara era pequena, não havia um lugar apropriado para ouvir as crianças, não havia um espaço psicossocial, não tinha sala de audiência isolada do réu e, sequer; um banheiro – explicou Graça.   A desembargadora anunciou também a instalação de um telefone 0800 para que as pessoas possam a fazer a denúncia e a juíza encaminhar ao Ministério Público e à Defensoria Pública, para que a Justiça possa imprimir maior celeridade no combate a esse crime contra inocentes.   A juíza Patrícia Chacon se emocionou a relatar a luta que vinha travando há mais de 2 anos para cumprir sua missão de condenar pedófilos. Segundo ela, o Dia das Crianças será um marco nessa luta da sociedade contra os crimes sexuais envolvendo crianças e adolescentes. “A sociedade ganhou um presente. Estamos felizes com a sensibilidade da desembargadora Graça, que deu um presente para a sociedade” –, disse a magistrada que não conseguiu conter as lágrimas.   — Fico sensibilizada porque é uma luta de muitos anos. Precisamos estar preparados para enfrentar essa situação. Esta é a resposta mais enérgica no combate ao crime de pedofilia. Vinha pleiteando que essa vara fosse desmembrada e criada uma estrutura, há anos – disse Patrícia.   De acordo com a juíza, a vara que acumulava vários tipos de processos não tinha nem onde acolher as crianças vitimizadas. A estrutura que ela tinha, antes, não dava condições para a celeridade.   — Não tinha uma sala adequada, para evitar o confronto da família das vítimas contra o réu. Eu sofria com isso, mas graças a Deus e à desembargado Graça esse tormento acabou. Na nova estrutura, a juíza destaca a sala do depoimento especial acolhedor, adequada para receber as crianças vitimizadas, com sala lúdica e uma equipe multidisciplinar com psicólogos e assistentes sociais.   — Todo relato é uma vivência daquele drama que a criança enfrenta. Relatar de novo à justiça é reviver aquele drama. Então, a justiça tem que estar prepara com uma sala acolhedora, para que aquele relato que precisa ser feito novamente seja acolhedor, e não mais agressivo ainda do que ela já passou. Porque é uma marca que nunca se apagada. É uma marca que ficará para sempre na alma dessa criança.