Mulheres que contribuíram para as mudanças sociais e políticas brasileiras foram homenageadas na exposição “Mulheres Eternas”, que é parte da programação do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) para o mês da mulher. Entre as personalidades retratadas, o artista plástico Manu Militão acrescentou a recente pintura da presidente do CNJ e do Supremo Tribunal Federal (STF), ministra Rosa Weber.
Durante a abertura do Programa “A História pela Voz Delas”, a juíza auxiliar da Presidência do CNJ Amini Haddad disse que é preciso enfrentar o campo das vulnerabilidades femininas, e o programa do CNJ traz o simbolismo das mulheres que contribuíram para o desenvolvimento nacional. “Com a exposição, queremos mostrar o papel das mulheres na história, e a ministra Rosa faz parte dessa mostra, que leva o simbolismo de seus passos para a coletividade”.
A magistrada também destacou que o Brasil tem uma legislação diferenciada, especialmente com a Lei Maria da Penha, mas é preciso novo panorama normativo que desenhe políticas públicas pró-equidade. “Como podemos tratar as questões orçamentárias necessárias para sustentar essas políticas, quando as mulheres são apenas 15% do Congresso Nacional? ”, questionou.
Desde que assumiu a gestão do Conselho, a ministra Rosa Weber tem trabalhado três eixos principais: a eficiência na prestação jurisdicional; a questão ambiental; e os direitos sociais. Como ressaltou a juíza auxiliar da Presidência desembargadora Carmen Gonzalez, o objetivo é aplacar as vulnerabilidades nas questões de gênero, incluídas as LGBTQIA+ e questões raciais. O CNJ também já aprovou o Pacto Nacional do Judiciário pela Equidade Racial e a criação do Fórum Nacional do Poder Judiciário para a Equidade Racial (Fonaer). Com relação específica à defesa das mulheres, a magistrada afirmou que o CNJ “[…] conta com a participação de homens e mulheres para avançar nesses temas e implementar essas políticas”.
Para a representante da Organização Mulheres do Brasil, que é parceira do CNJ na realização do programa, Glória Guimarães, homens e mulheres são diferentes, mas, não, desiguais. “Queremos homens junto conosco, mas queremos ser reconhecidas como pessoas”. A opinião foi seguida também pelo juiz federal e secretário-geral do Conselho da Justiça Federal (CJF), Daniel Marchionatti, que afirmou que os homens precisam aprender sobre essa temática. “Em assuntos que dizem respeito aos direitos das mulheres, a maior parte da plateia é feminina. Precisamos nos envolver para poder atuar em conjunto e contribuir para essa mudança social”.
“Vivemos um momento em que é preciso trabalhar em rede”, destacou a juíza auxiliar da Presidência Dayse Starling, ao reforçar o desafio de trazer os homens para avançar na defesa das pautas femininas. De acordo com ela, o CNJ propõe políticas e medidas para ampliar a temática. “Mas temos de ser menos formais e mais efetivos. Ficaremos felizes quando tivermos menos políticas e mais direitos reais”, ressaltou.
A magistrada destacou, ainda, que os quadros coloridos mostram que, apesar dos desafios e das dores, as mulheres refletem uma carga de vida, amor e energia. “Retrata quem somos e nos faz reconhecer, nessa diversidade de cores, que é possível superar muitas dificuldades e fazer uma sociedade mais justa”, afirmou.
Exposição
O artista plástico, cineasta, pedagogo e diretor de arte Manu Militão pintou 38 mulheres, além da ministra Rosa weber, para a exposição “Mulheres Eternas”. Conforme contou, o artista leu a história de cada uma delas e foi tocado por elas. Nesse sentido afirmou que “[…] esse projeto casa com o programa do CNJ, pois tem o objetivo de apresentar mulheres que inspirem outras a acreditarem cada vez mais em si mesmas”.
Para Militão, retratar a ministra foi um desafio: “É preciso entender o que está por trás das cores, mas me senti acolhido ao apresentar a obra. Percebi que fiz bem e acho que ela – e cada uma de vocês – faz bem à sociedade”.
A exposição, que está aberta ao público e vai até o dia 31 de março no hall do pavimento Auditório do CNJ, também traz trechos da história de personalidades como a educadora Bertha Lutz, que lutou contra a desigualdade de gênero; a escritora e defensora da participação feminina na política Nízia Floresta; e a primeira mulher a ocupar um cargo de ministra no Superior Tribunal Militar, Elizabeth Rocha.
A ideia de imortalizar, em telas, mulheres que lutaram pela democracia brasileira e pelo sufrágio feminino e que se destacaram em iniciativas de inclusão social e igualdade de gênero nasceu da invisibilidade deixada pela indiferença à luta incansável que abraçaram. As representantes de cada estado e do Distrito Federal – indicadas por Assembleias Legislativas, universidades e associações de classe – ganharam os traços e as cores do reconhecimento. Segundo Manu Militão, as obras são uma forma de corrigir a indiferença histórica e inspirar outras mulheres.
Texto: Lenir Camimura
Edição: Jônathas Seixas
Agência CNJ de Notícias