Levar a literatura para crianças e adolescentes em situação de acolhimento no estado de São Paulo é o objetivo do Projeto Leitura Amiga, mais uma iniciativa do Judiciário paulista na garantia de direitos fundamentais. No último mês, o programa retomou as atividades com encontros on-line, que acontecem de segunda a sexta-feira, às 20 horas.
Criado em 2020 pela juíza Marina Freire, da Comarca de Bauru, o projeto consiste na leitura coletiva para meninas e meninos entre 3 e 17 anos, que vivem em casas de acolhimento. Voluntários de todo o Brasil realizam a leitura por videochamadas, o que permite a participação simultânea de diversas unidades do estado. Todas as casas podem participar e, de forma interativa, é estimulado o hábito da leitura, proporcionando um ambiente acolhedor e garantindo a segurança psicológica das crianças e jovens.
A magistrada conta que tudo começou quando percebeu o impacto negativo do isolamento da pandemia nos acolhidos. “No começo, fui atrás dos abrigos por conta própria. Eu lia para as crianças todos os dias, mesmo aos sábados e domingos. Acabou se tornando uma rotina”, diz Marina Freire, que foi juíza da Infância e da Juventude por sete anos. “Percebi que a leitura é um momento mágico e eles gostam muito dessa atenção e acolhimento. O retorno é gratificante.”
Com o auxílio de outros juízes e dos voluntários, o projeto cresceu: atualmente, o Leitura Amiga conta com a adesão de 35 casas de acolhimento e mais de 140 leitores de todo o Brasil. É o caso da professora Gardênia Almeida, da cidade de Imperatriz (MA). “Ser voluntária nos permite vivenciar momentos muito especiais a cada leitura. É instigante e, ao mesmo tempo, prazeroso. Gosto de interagir e proporcionar às crianças acolhidas uma verdadeira viagem pelos livros, criando momentos de alegria e descontração”, conta ela, que se fantasia durante as leituras para ampliar a interação.
Já a sul-matogrossense Paula Coelho, que atualmente vive em São Paulo, atua como mediadora entre abrigos e leitores, utilizando técnicas para fortalecer o diálogo, a empatia e a escuta. Estudante de Psicologia e formada em Recursos Humanos, ela destaca os benefícios que a leitura traz às crianças, como o desenvolvimento da concentração, memória, raciocínio e compreensão, além de proporcionar uma sensação de pertencimento. “Conseguimos fazer com que os pequenos se sintam acolhidos e, muitas vezes, ele se reconhecem nas histórias.
Temos a preocupação de trazer narrativas reais, de superação, histórias da nossa cultura e que ensinem as crianças a se amarem do jeito que são”, conta.
Segundo a juíza Marina Freire, ter voluntários de todo o país é um dos pontos fortes do projeto. “Dessa forma, os jovens podem conhecer outros sotaques e culturas às quais não estão familiarizados. Isso traz a eles uma visão gigantesca do nosso Brasil”, afirma.
Como participar
Casas de acolhimento – Basta preencher o formulário do projeto, disponível na página do Leitura Amiga, e informar dados como nome da instituição, endereço e o contato do profissional encarregado de receber o link para participação nas lives, enviado por WhatsApp.
Voluntários – Os interessados precisam preencher o formulário e encaminhar cópia do RG para formalização. Veja o guia de orientações para voluntários com mais informações para participar como leitor, mediador, angariador de casas de acolhimento ou doador de livros e equipamentos.
Dúvidas – Envie uma mensagem para leituraamiga@tjsp.jus.br