Projeto esportivo amplia vagas para atender crianças acolhidas

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“Hoje é um dia alegre, pois vou ter a oportunidade de fazer futebol de campo e academia”. Com essa fala, o adolescente descendente de Pataxó Rodrigo*, de 16 anos, expressou seu contentamento em participar do Projeto Gol – Transformando vidas, apoiado pela Vara da Infância e da Juventude do DF (VIJ-DF), por meio do seu programa de voluntariado, Rede Solidária Anjos do Amanhã. O Projeto oferece oficinas esportivas a 41 crianças e adolescentes das entidades de acolhimento do DF. A intenção é abrir mais 25 vagas para esse público, até o fim do ano.

No início de junho, Rodrigo*, as outras 40 crianças do Projeto e mais alguns novatos estiveram no Clube da Celacap, próximo ao Casa Park, para fazer o treino habitual e também para participar de uma aula experimental das novas modalidades que serão oferecidas. Inicialmente trabalhando com futebol de campo, a organização ampliou as atividades e agora vai ofertar futebol de salão, judô para ambos os sexos e academia, que foi montada e patrocinada pela rede Runway. A intenção é disponibilizar também natação, assim que conseguirem um instrutor para se juntar ao time de cinco voluntários que hoje levam a iniciativa para frente.

Força, foco e fé – Antes de abrir a aula experimental de futebol de salão feminino, a coordenadora da atividade, de 23 anos, Daniele Mendes, fez um discurso de empoderamento, fé e garra às adolescentes que ouviram atentamente as palavras da líder. “Acreditem, um dia estarei aqui para ver o sucesso de vocês. Podem contar comigo para o que precisarem. Eu sei o quanto é difícil fazer com que as pessoas acreditem na gente. Mas eu acredito em vocês e vocês também devem acreditar em vocês”, conclamou a professora, acompanhada pelo instrutor Adenil Santos, que completou a fala dizendo que vão trabalhar ancorados nos três “F”: Foco, Força e Fé.

Pioneiro do projeto, o instrutor de futebol de campo Flávio da Silva diz que é visível a mudança de comportamento dos meninos desde que começou a treiná-los, em setembro de 2014. “Acho que por ter muita carência afetiva, esses meninos acolhidos chegam aqui com dificuldades de relacionamento e, às vezes, dificuldades cognitivas. Alguns são agressivos. O que faço é canalizar esses sentimentos para o esporte. No início, eles se desentendiam por tudo, agora conseguem administrar os sentimentos e a agressividade”, diz.

O professor também relata que fala muito com os garotos sobre a questão dos relacionamentos. “Falo que não basta ser bom de bola. Tem que ser parceiro, amigo e saber ganhar e perder”, diz o treinador abraçado a um de seus pupilos, Rafael*, de 9 anos. O garoto tem o sonho de se profissionalizar e jogar na seleção do Santos. Se depender do professor, isso vai acontecer, com certeza, já que, além de voluntário no projeto, é sócio proprietário da Escolinha do Santos, uma franquia oficial, que funciona no mesmo clube.

Ele diz que há mais de 20 anos atua na área do futebol e que, ao ver o alcance do projeto, resolveu abrir mão de dois dias por semana da Escolinha para treinar os meninos acolhidos. “Por obrigação contratual, temos que fazer um trabalho social e reservar 10% das vagas para alunos carentes. Contudo, percebemos que isso não era suficiente para atender as crianças em acolhimento. Então, com base na amizade e na parceria, vamos abrir mão por dois dias do Santos para o Gol – Transformando vidas, já que o futebol é um grande movimento de transformação social”, conclui.

O Projeto Gol – Transformando vidas nasceu do sonho da servidora do Tribunal de Justiça do DF Deiza Carla Leite. Depois de trabalhar por 16 anos na VIJ-DF, percebeu que poderia fazer algo, fora do contexto laboral, pelas crianças e adolescentes das entidades de acolhimento.

Arregaçou as mangas e fundou, em setembro de 2014, o projeto focado no esporte inclusivo e na cultura, com a finalidade de desenvolver a formação integral dos meninos acolhidos, dando-lhes oportunidades de praticarem um esporte e de formarem novos referenciais.

Hoje, treinam no clube 41 crianças e adolescentes das entidades de acolhimento Casa de Ismael, Nosso Lar e Aldeias Infantis. Segundo Deiza, o Projeto caminha graças ao apoio e à dedicação de voluntários, mas precisa de ajuda para atingir a meta de atender 70 crianças ainda este ano. Deiza diz que se realiza ajudando-as. “O Projeto Gol – Transformando vidas é a realização de um sonho. Construí uma vida profissional e familiar edificante e que me trouxe muitas alegrias. Agora que os filhos estão criados, pude me dedicar a esse sonho. Sinto que contribuo para um começar diferente na vida deles. Essas crianças precisam de referenciais novos, de se profissionalizar e de ter um novo olhar sobre a vida”, conclui.

Você também pode contribuir, ajudando no transporte das crianças para as aulas, na compra dos kits de uniforme, do material para os treinos (cones, bolas, coletes) e de tatames ou ainda sendo voluntário (preferencialmente nas áreas de Educação Física e Administração). Se quiser ajudar, ligue para 9658-0889 ou mande um e-mail para deiza.leite@tjdft.jus.br.

*Nomes fictícios em respeito ao Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA)

Fonte: TJDFT