Projeto de mediação em escola vence na Categoria Juiz no Prêmio Conciliar é Legal. Foi pensando em mudar a cultura de violência “pela raiz” que os juízes da 2ª Vara Cível Ana Beatriz Jorge de Carvalho Maia e da Vara da Infância e Juventude Delvan Tavares Oliveira, ambos da comarca de Imperatriz (MA), idealizaram um projeto que ensinasse alunos e professores a lidarem com conflitos.
“Mediar para Educar”
O projeto que desenvolveram, foi um dos vencedores do Prêmio Conciliar é Legal, promovido pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ), na categoria juiz da Justiça Estadual. O prêmio foi entregue na primeira sessão do órgão de 2018, no dia 6 de fevereiro. Ao todo, 145 crianças e adolescentes, do ensino infantil e fundamental participaram da iniciativa, executada pela primeira vez em 2017.
A escola para testar o trabalho foi o Centro Educacional Casa do Estudante, da cidade de Imperatriz. “Já éramos envolvidos com ações sociais, mas observei que faltava algo a mais. Algo que mexesse, de fato, com mudança de cultural, ” lembrou Ana Beatriz Maia. O projeto começou a ser formatado em 2016, com ajuda de advogados especializados em mediação e conciliadores voluntários.
“Estudamos as escolas possíveis, o formato das aulas e como trabalharíamos os mestres e os alunos. Os professores foram formados com técnicas da mediação e formataram as aulas voltadas à mediação escolar”. Segundo a desembargadora, atualmente os próprios alunos promovem a cultura de diálogo e paz no colégio, agindo como mediadores.
Mais tolerância
A prática maranhense, vencedora do Prêmio Conciliar é Legal, tem como principal característica promover a capacitação de professores e coordenadores em técnicas de mediação adotadas pelo Poder Judiciário. Quando ocorrem situações de conflito na escola, os estudantes são levados a debater e a refletir sobre o problema, a fim de buscarem uma solução por meio do diálogo, com ajuda de um mediador. Ana Beatriz disse que as aulas, oferecidas uma vez por semana aos alunos, foram transformando o clima da escola.
O ambiente escolar mudou para melhor, e tem gerado não só um movimento de gentileza entre os estudantes, como também na relação entre os pais dos alunos. “Antes havia muita briga no intervalo do recreio e tudo ia parar na secretaria. Hoje, todos se intitulam mediadores e sempre que há um conflito vários querem ajudar, mediar e pacificar”, diz Ana Beatriz.
“Sem contar que os alunos não levam mais os problemas aos seus pais: agora tentam resolver os conflitos entre eles”, disse. A intenção da juíza Ana Beatriz é que, em 2018, o projeto seja levado para outras escolas municipais e estaduais. Para ela, o projeto tem potencial para mudar a cultura da violência, uma vez “que passa muito pelo desconhecimento de que há outras maneiras de se resolver os conflitos”.
As aulas, oferecidas semanalmente, são ministradas de acordo com a idade escolar dos alunos. No maternal, por exemplo, as atividades incluem música e teatrinho. Quanto mais jovens os alunos, mais lúdicas são as aulas.
Política da Paz
O Projeto Mediar para Educar está em conformidade com a Resolução n. 125, que dispôs sobre a Política Judiciária de Tratamento Adequado dos Conflitos de Interesse no Âmbito do Poder Judiciário.
O Movimento pela Conciliação foi implantado pelo CNJ no Judiciário, em 2006. Desde então, foram criados projetos como o prêmio Conciliar é Legal e a Semana Nacional da Conciliação. Em 2015, o Código de Processo Civil tornou obrigatória a realização de audiência de tentativa de conciliação e mediação.
Regina Bandeira
Agência CNJ de Notícias