Enfrentar a violência doméstica contra mulheres tornando-as conscientes de suas qualidades, aumentando suas competências e ajudando-as a superar a dependência econômica. Essa é a fórmula do Programa Ela Pode, que, por meio de cursos gratuitos voltados à capacitação das vítimas, faz a diferença para milhares de brasileiras. O projeto garantiu o primeiro lugar na categoria “Organizações Não Governamentais (ONG)” do Prêmio Viviane do Amaral, do Conselho Nacional de Justiça (CNJ).
Criado pelo Instituto Rede Mulher Empreendedora (IRME), com apoio do Google Brasil, o projeto é voltado ao desenvolvimento das habilidades profissionais, sociais e emocionais de mulheres a partir dos 16 anos. Somente na primeira edição, a iniciativa alcançou 206 mil mulheres em 1.848 mil cidades.
Para participar do projeto, basta escolher o curso, se cadastrar e assistir às aulas. Os 10 cursos do programa possuem duas horas de duração e abordam temas como organização de finanças pessoais, ferramentais digitais, aproveitamento do tempo, conhecimento das próprias emoções, autoconfiança e empreendedorismo.
Além das aulas, o Ela Pode disponibiliza mentorias e recursos financeiros para ajudar mulheres a fortalecerem seus projetos profissionais, com prioridade para moradoras das regiões Norte e Nordeste. São mulheres como Denise Rocha, professora de português na Ilha das Onças (PA), jurisdição administrativa do município de Barcarena, a 30 minutos de barco de Belém.
“O programa teve grande importância em minha vida e nas vidas de moradoras ribeirinhas de minha região, para que possam ser futuras empreendedoras”, contou, em depoimento, ao programa.
Segundo a Rede Mulher Empreendedora, 89% das mulheres que fizeram cursos de capacitação do projeto sentiram-se mais seguras para empreender; enquanto 50% iniciaram os próprios projetos e 72% aumentaram a renda. O desenvolvimento econômico de mulheres é um dos focos globais de trabalho da Google.
A pesquisa publicada pelo Sebrae em 2019 com dados levantados pela Global Entrepreneurship Monitor (GEM) revelou que o Brasil é o sétimo país no mundo com maior número de mulheres empreendedoras. Mais de 24 milhões de brasileiras tocam negócios próprios e geram empregos em todo o país.
Estudo realizado pelo Mckinsey Global Institute aponta que a igualdade de condições de trabalho promoveria um incremento de cerca de 30% do produto interno bruto (PIB) brasileiro. Dados como esse apontam que a promoção da igualdade de gênero é boa não apenas para as mulheres.
Prêmio Viviane do Amaral
O Prêmio CNJ Viviane do Amaral foi criado pelo CNJ com o objetivo de dar visibilidade a ações de prevenção e combate à violência familiar e doméstica, assim como prevenir a violência futura ou em potencial contra mulheres e meninas.
Instituída pela Resolução CNJ n. 377/2021, a premiação homenageia a memória da juíza do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJRJ) Viviane Vieira do Amaral, vítima de feminicídio praticado pelo ex-marido em dezembro de 2020.
O prêmio é outorgado em seis categorias: Tribunais; Magistrados/Magistradas; Atores do Sistema de Justiça; ONG; Mídia; e Produção Acadêmica. A premiação busca a conscientização do Judiciário e da sociedade sobre a necessidade de ações permanentes de enfrentamento a todo tipo de violência.
Texto: Regina Bandeira
Edição: Thaís Cieglinski
Agência CNJ de Notícias