Presidente Rosa Weber visita Complexo do Curado e dialoga com autoridades de PE

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Divulgação CNJ
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A presidente do Supremo Tribunal Federal (STF) e do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), ministra Rosa Weber, visitou, nesta terça-feira (4), o Complexo do Curado, sistema que envolve três unidades prisionais do Recife (PE) e que já foi alvo de medidas impostas pelo Sistema Interamericano de Direitos Humanos, por violações como superlotação e casos de violência.

A comitiva contou com o corregedor do CNJ, ministro Luis Felipe Salomão, com o conselheiro Luiz Philippe Vieira de Mello Filho, além de magistrados. O grupo conversou com detentos e com autoridades locais do Tribunal de Justiça do Estado de Pernambuco (TJPE) e do governo estadual, responsáveis pela gestão e pelo acompanhamento da situação do complexo.

A Corte Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) determinou, em 2014, uma série de providências e, em 2018, impôs o dever de aplicar cálculo diferenciado de pena cumprida em condições degradantes, como forma de compensação penal em favor das pessoas privadas de liberdade no Curado.

Em 2021, o CNJ criou a Unidade de Monitoramento e Fiscalização de decisões da Corte Interamericana (UMF), vinculada ao Departamento de Monitoramento e Fiscalização do Sistema Carcerário e do Sistema de Execução de Medidas Socioeducativas (DMF), que passou a acompanhar a situação em Pernambuco.

Em 2022, a então corregedora do CNJ, ministra Maria Thereza de Assis Moura, realizou missão no Estado e determinou que o Tribunal de Justiça de Pernambuco instituísse um Gabinete de Crise, para monitoramento contínuo.

A nova visita, neste 4 de abril de 2023, ao complexo teve o objetivo de verificar os avanços e as melhorias no sistema prisional, a partir das medidas impostas. As ações do CNJ integram o Programa Fazendo Justiça, em parceria com o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), que busca aperfeiçoar a política judiciária e superar os desafios do sistema prisional.

Entrega de relatórios ao TJ

Após a visita, a ministra Rosa Weber fez a entrega dos Relatórios da Inspeção Conjunta da Presidência e da Corregedoria Nacional de Justiça ao Gabinete de Crise do Sistema Prisional de Pernambuco. “A situação não pode ser escondida sob os tapetes. Nesse contexto, estamos fazendo a entrega dos relatórios”, esclareceu a ministra. O evento ocorreu na Escola da Magistratura de Pernambuco, onde a presidente do STF e do CNJ se reuniu com os desembargadores do Tribunal de Justiça – dos 52 desembargadores, há apenas uma mulher.

Rosa Weber lembrou que o Supremo Tribunal Federal, no âmbito da ADPF 347, constatou o “estado de coisas inconstitucional” no sistema prisional brasileiro e instou os poderes públicos e a sociedade civil a remediar o desarranjo estrutural dos presídios.

“Documentos robustos, de ricos achados e diagnósticos, que contêm recomendações importantes e que traçam uma linha de atuação para caminho seguro, destinada a conferir efetividade às decisões da Corte Interamericana de Direitos Humanos e à ADPF 347 do Supremo Tribunal Federal nesta localidade, mas, sobretudo, restabelecendo a legalidade do estado de direto para resguardar a vida e a integridade física e psíquica das pessoas presas e seus familiares, bem como de todos os que laboram no sistema prisional pernambucano”, afirmou a presidente do STF e do CNJ sobre os relatórios entregues.

Adesão de Pernambuco à Política Nacional sobre empregabilidade

Após a reunião no Tribunal de Justiça, a ministra Rosa Weber se reuniu com a governadora Raquel Lyra, que assinou o Termo de Adesão do Estado à Política Nacional de Trabalho no âmbito do Sistema Prisional. O objetivo é a cooperação mútua envolvendo o Ministério Público do Trabalho (MPT), para a realização de estudos, desenvolvimento de metodologias de inspeção prisional e aperfeiçoamento de práticas que permitam a empregabilidade de pessoas presas e recém-saídas dos presídios.

A ministra Rosa Weber destacou que baixo índice dos presos brasileiros consegue trabalhar enquanto cumpre pena. “Trabalhar, enquanto se cumpre uma pena privativa de liberdade, ainda é uma exceção. Isto porque apenas 20% das pessoas presas no nosso país têm assegurado esse direito. E com isso as dificuldades de inserção laboral desse público, quando deixam as unidades penais, permanecem, quando não se acentuam, sobretudo pelo estigma decorrente do processo de encarceramento.”

A presidente do STF e do CNJ disse ainda esperar que a adesão do estado de Pernambuco permita “um salto qualitativo e quantitativo do contingente de pessoas presas e egressas em vagas de trabalho” na região.

A governadora Raquel Lyra, por sua vez, esclareceu que jogar luz no problema é a única saída para melhoria do sistema penitenciário. “Pernambuco vive situação caótica em seus presídios, na maioria deles. Exemplo disso é o Complexo do Curado”, frisou. Segundo ela, o governo quer dialogar com entidades públicas e privadas para tomar medidas que quebrem o ciclo de violência no estado.

Sede da Justiça do trabalho

Também no Recife, a ministra Rosa Weber e a comitiva do CNJ foram ao Tribunal Regional do Trabalho da 6.ª Região, onde houve a adesão pelo Tribunal aos Pactos do Poder Judiciário pelos Direitos Humanos e pela Equidade Racial, do Conselho Nacional de Justiça.

Texto: Agência CNJ de Notícias

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