Preparar os servidores do Poder Judiciário para que entreguem o melhor serviço à sociedade, bem como capacitá-los para que enfrentem com êxito os desafios atuais e futuros da área: esse foi o objetivo do Seminário de Formação e Aperfeiçoamento de Servidores do Poder Judiciário, realizado a quinta-feira (13/6), pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ).
O encontro, em formato híbrido, abordou temas relevantes, como planejamento pedagógico, hibridização da educação, gestão de equipes virtuais e inclusão de pessoas com deficiência, refletindo as necessidades contemporâneas de capacitação no Judiciário. “Cerca de 40 mil pessoas, em média, são formadas a cada ano apenas pelos cursos do CNJ. Não é pouca coisa. Aproveitem, pois ter esse manancial é poder servir melhor”, afirmou o coordenador do Fórum Permanente de Gestão da Carreira dos Servidores do Poder Judiciário da União, conselheiro Guilherme Feliciano.
O conselheiro enfatizou a importância das carreiras públicas no contexto brasileiro, um país do capitalismo periférico. “Servir é em algum sentido vir a ser para alguém, para o outro. Para o servidor público, fundamentalmente, servir é garantir ao outro a cidadania que por alguma razão lhe foi negada. Esse é o sentido do serviço público”, ressaltou.
De acordo com a juíza auxiliar da presidência do CNJ, Rebeca Mendonça Lima, mediadora do painel “Inovação e Tecnologia na formação de servidores”, é fundamental que os profissionais da Justiça estejam aptos para atuar tanto em formato presencial quanto virtual. “Em linhas gerais, acredito que a produção é melhor in loco. Por outro lado, não há como negar a questão da capilaridade e da economia alcançadas pelo formato virtual. Nesse sentido, vejo que a aprendizagem para os dois ambientes é um caminho sem volta”, declarou.
O servidor Mauro Saraiva Barros Lima, do Tribunal de Justiça do Estado do Amazonas (TJAM), palestrou sobre a importância da formação para gestão de equipes virtuais e híbridas. Na oportunidade, apresentou as principais vantagens da aplicação de cursos on-line no Judiciário, em comparação aos cursos presenciais. “No formato presencial, podemos mencionar como pontos favoráveis a maior interação, troca de experiências, maior liberdade para conversar sobre problemas de gestão, simulação de problemas e soluções, melhor acompanhamento do instrutor, uso da infraestrutura, além de ser ideal para modelos iniciais e com pouca experiência”, pontuou. “Em contrapartida, as vantagens dos cursos on-line podem ser os horários flexíveis, conteúdo todo gravado, maior capilaridade (atendimento em localidades remotas), redução de gastos (transporte, diárias, espaços) e não há limite de inscritos”, exemplificou Mauro Lima.
Adesões de tribunais a plano de escola virtual reforçam formação de pessoal na Justiça
O painel “Escolas de Servidores do Poder Judiciário” foi mediado pela servidora do Centro de Formação e Aperfeiçoamento de Servidores do Poder Judiciário (Ceajud) do CNJ, Aline Ribeiro. “O nosso objetivo é acompanhar as experiências de cada escola e promover uma troca rica. Saber os desafios e iniciativas umas das outras porque nada se constrói sozinho. Todos nós estamos em constante busca pelo aperfeiçoamento da Justiça”, afirmou.
Na ocasião, a coordenadora de Gestão de Pessoas do Tribunal Superior do Trabalho (TST), Simone Martinazzo, apresentou os feitos do programa Educare, uma iniciativa de treinamento e desenvolvimento dos servidores do órgão. Segundo Martinazzo, a ação define competências comportamentais em 14 linhas de desenvolvimento. “Esse programa é a joia da gestão de pessoas e do planejamento de educação do Tribunal. Por meio dele, foram realizadas mais de 230 ações de capacitação no TST só no ano passado, colocando em prática a visão do “par ensinando o par”, ou seja, dentro de cada unidade de trabalho, um colega tem a responsabilidade de acompanhar o treinamento do servidor com atribuição similar”, explicou.
Escolas de capacitação
O Concurso Nacional Unificado (CNU), que acontecerá em agosto, trará um desafio inédito para a Escola Nacional de Administração Pública (Enap): formar os mais de seis mil servidores que serão selecionados por meio do certame. Pensando na adaptação dos profissionais ao setor público, a Enap preparou cursos que, para algumas carreiras, chegam a totalizar mais de 500 horas/aula.
“Nós nunca nos deparamos com um desafio de ter tantas carreiras e pessoas para formar”, disse a presidente da Enap, Betânia Peixoto Lemos, em palestra proferida no painel Formação de Servidores nas Escolas de Governo da União, mediado pelo diretor do Centro de Formação e Aperfeiçoamento de Servidores do Poder Judiciário (Ceajud), Diogo Albuquerque Ferreira.
No aprendizado realizado a partir do desafio de receber novos servidores no período pós-pandêmico, o Instituto Legislativo Brasileiro (ILB), escola do Senado Federal, incorporou às suas formações a escuta das pessoas, relatou a coordenadora geral do ILB, Amanda Albuquerque. “As pessoas, os relacionamentos e a comunicação são tão importantes quanto os conteúdos que compartilhamos na escola”, considerou.
A secretária de Ensino Pesquisa e Extensão da Escola Superior do Ministério Público da União (ESMPU), Renata Salgueiro, concordou. Segundo ela, para atender aos 20 mil integrantes do MPU, a escola desenvolveu um trabalho de recomposição de aprendizagem no pós-pandemia, com tendência à hibridação do ensino. “A presencialidade traz benefícios, como a interação olho no olho. Mas, não desconsideramos o ganho da cultura EAD na pandemia”, opinou, acrescentando que a escola adaptou as salas de aula e preparou o corpo discente para assegurar o novo modelo.
O evento foi encerrado com a palestra Formação de Servidores e Inclusão de Pessoas com Deficiência, proferida pela chefe da Seção de Sustentabilidade do Tribunal Regional do Trabalho da 8.ª Região (TRT-8), Luísa Almeida. “Precisamos pensar em cursos sobre esse tema, prevendo a formação de gestores, equipes técnicas e ações anticapacitistas”, defendeu, concluindo que a mudança começa no aspecto das atitudes, quando todos assumem a sua responsabilidade no processo de inclusão.
Assista o seminário na íntegra:
Texto: Thays Rosário e Mariana Mainenti
Edição: Beatriz Borges
Agência CNJ de Notícias