Em uma apresentação on-line de aproximadamente uma hora e meia, integrantes de grupos de pesquisas judiciárias dos tribunais brasileiros receberam conceitos sobre a aplicação do método de estudos de caso ao contexto das pesquisas judiciárias. A utilização do estudo de caso em pesquisas permite investigar o objeto no seu contexto real, mobilizando fontes de coletas qualitativas, e é indicada quando o contexto é complexo e com múltiplas variáveis.
O encontro on-line, realizado na quinta-feira (5/10) pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ), faz parte de uma série de eventos de capacitação promovidos pela Rede de Pesquisas Judiciárias introduzida pela Resolução CNJ n.462/2022. O método foi apresentado pela pesquisadora Poliana Ferreira, doutoranda na Escola de Direito de São Paulo da Fundação Getúlio Vargas (FGV-SP).
Poliana Ferreira expôs de forma didática os principais conceitos da metodologia já utilizada por outras áreas do conhecimento. Ela explicou como são feitos os “desenhos” de pesquisa dentro do estudo de caso, que podem envolver abordagens de casos únicos ou múltiplos. Quanto às etapas a serem seguidas para a constituição do estudo estão: a análise documental, as entrevistas com as partes, a observação dos dados e o uso de outras técnicas de pesquisa. Poliana também deu dicas de organização do texto final e sugeriu bibliografias.
“O estudo de caso implica no desenvolvimento de técnicas e métodos capazes de acessar, coletar e analisar dados que auxiliem na tomada de decisão com as especificidades desta área, não só de membros do Poder Judiciário, mas de um conjunto amplo de profissionais cujas ações alcançam um largo espectro de pessoas, organizações e instituições, públicas e privadas”, ressaltou.
Conforme explicou, a metodologia de estudo de caso envolve uma investigação profunda e detalhada do objeto específico, que pode ser uma pessoa, um grupo, uma organização, um evento ou uma situação.
Além de doutoranda na Escola de Direito de São Paulo da Fundação Getúlio Vargas (FGV-SP), Poliana Ferreira realiza o estágio doutoral na Harvard Kennedy School (EUA). Em 2021, ela publicou o livro Justiça e letalidade policial.
Para saber mais sobre a aula, veja o vídeo abaixo:
Rede de Pesquisas Judiciárias
A juíza auxiliar da Presidência do CNJ Lívia Peres, coordenadora do Departamento de Pesquisas Judiciárias (DPJ/CNJ), participou da abertura do evento e salientou a importância desses encontros quinzenais para habilitar os tribunais na área de pesquisas empíricas no ramo do Direito. “Nós não podemos trabalhar com achismos, precisamos de dados empíricos e evidências para construirmos as soluções, enfrentar nossos problemas e melhorar a qualidade dos nossos serviços”, justificou.
A magistrada defendeu que as pesquisas empíricas aplicadas às políticas judiciárias sejam utilizadas por magistrados, magistradas, servidores e servidoras do Judiciário, possibilitando que o conhecimento acadêmico e científico seja diretamente aplicado por aqueles que lidam diariamente com a prestação jurisdicional.
Texto: Juliene Cardoso
Edição: Sarah Barros
Agência CNJ de Notícias