Ministro Fux defende conceito atual de justiça e ações concretas em nome da paz

Você está visualizando atualmente Ministro Fux defende conceito atual de justiça e ações concretas em nome da paz
Evento Diálogos pela Paz e Justiça. Foto: Luiz Silveira/CNJ
Compartilhe

O paradigma contemporâneo de justiça demanda ações concretas para alcançar o ideal da paz, segundo o presidente do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Luiz Fux. Na abertura do webinário Diálogos pela Paz e Justiça, promovido pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ) nesta quinta-feira (27/5), Fux abordou as implicações, na Constituição Federal e no funcionamento das instituições, de um conceito mais moderno de justiça que incorpora a luta por justiça social e a vida econômica. “Não há efetivamente paz sem justiça. Uma sociedade em que os conflitos se eternizem, sem solução definitiva, estará fadada ao não desenvolvimento.”

O ideal de Justiça defendido por Fux vem na tradição do pensamento ocidental, associada à virtude, à igualdade e à liberdade. Baseado nos filósofos contemporâneos Amartya Sen, da Universidade de Harvard, John Rawls, Axel Honneth e Nancy Fraser, a Justiça contempla as dimensões da distribuição equitativa de recursos e oportunidades, de reconhecimento da diferença cultural e da representação política. “Em todas as concepções, Justiça está intrinsecamente vinculada à ideia de alteridade, no sentido de que o justo consiste em praticar a conduta devida em relação ao outro. Por essa perspectiva, a Justiça tem forte relação com o equilíbrio social.”

De acordo com o presidente do CNJ, a Justiça social está em ligada ao viver bem em comunidade, compensadas as desigualdades e as diferenças sociais, ideal que também consta no preâmbulo da Constituição Federal. “Para além da dimensão teórica, a realização da Justiça demanda ações concretas, que devem ser adotadas não só pelo poder público, mas também pelas pessoas na vida cotidiana. O Poder Judiciário brasileiro, ciente de suas responsabilidades, segue desempenhando o papel institucional de resolver conflitos e promover a segurança jurídica, que hoje é valor que assoma no cenário jurídico internacional principalmente na vida econômica, assegurando direitos fundamentais e sempre preservando a vida.”

Para materializar o compromisso da Justiça brasileira, o ministro destacou as frentes em que o CNJ atua, no campo das políticas públicas no campo dos direitos humanos – combate à violência doméstica contra a mulher, tráfico de pessoas e trabalho escravo, além do Pacto Nacional pela Primeira Infância e da Lei da Escuta Protegida, de ações voltadas a egressos do sistema prisional e identificação biométrica, documentação da população carcerária e inserção na vida em sociedade, pelo programa Fazendo Justiça.

Futuro sustentável

O presidente do STJ, ministro Humberto Martins, citou a adesão do Tribunal da Cidadania à Agenda 2030 da Organização das Nações Unidas (ONU) por um futuro de desenvolvimento sustentável. A corte se integra aos esforços do Judiciário brasileiro, em atitude inédita no mundo, para cumprir o Objetivo de Desenvolvimento Sustentável 16 – Paz, Justiça e Instituições Eficazes). De acordo com o ministro, a nova agenda da ONU reconhece a “essencialidade” da Justiça para alcançar o ideal de sociedades “pacíficas, justas e inclusivas que ofereçam igualdade de acesso à justiça e que sejam baseadas no respeito aos direitos humanos (incluindo o direito ao desenvolvimento), em um efetivo Estado de direito e boa governança em todos os níveis e em instituições.”

Martins defendeu o Estado democrático de direito e o Poder Judiciário como pré-requisitos para a paz social, na condição de defensores das garantias fundamentais, das liberdades, dos direitos das minorias e da dignidade da pessoa humana. “Sem paz, estabilidade, direitos humanos e governança efetiva não conseguiremos alcançar o desenvolvimento sustentável. A violência (armada ou não) e a insegurança, têm impacto destrutivo no desenvolvimento dos países, afetando o crescimento econômico e frequentemente causando sofrimentos que podem durar gerações.”

Justiça restaurativa

A embaixadora da Paz, Maria Paula Fidalgo, sustentou que a transição para a cultura da paz passa por transformações, como a criação de salas de amamentação em presídios para a formação da afetividade na pisque humana. “Mesmo numa prisão, se for devidamente acolhida, a criança consegue quebrar o ciclo da violência a que vem sendo submetida”, afirmou. A entidade que Maria Paula Fidalgo representa – a Embaixada da Paz – realiza projetos nas áreas de gênero, igualdade racial, acessibilidade e inclusão, combate à discriminação e sustentabilidade.

A atriz sustenta que o ensino da paz – inclusive nas escolas de Direito – se alinha à solução pacífica para os conflitos, como a mediação e a justiça restaurativa “para que a sociedade, liderada pelo Poder Judiciário, resolva os conflitos por meio do perdão, da reconciliação, das formas pacificadoras”.

Manuel Carlos Montenegro
Agência CNJ de Notícias

Veja mais fotos no Flickr do CNJ
27/05/2021 - Evento Diálogos pela Paz e Justiça