Adolescentes que cumprem medidas socioeducativas em Ponta Grossa (PR) estão tendo a oportunidade de participar de oficinas de literatura portuguesa e inglesa, por meio do estudo de letras de músicas de rap. O projeto “Livres para ler”, resultado de uma parceria entre o Centro Judiciário de Solução de Conflitos (Cejusc) de Ponta Grossa (PR) e a Faculdade Secal, já atendeu a 50 jovens que estão prestes a deixar o Centro de Socioeducação (Cense) de Ponta Grossa e conta com 17 voluntários da área de Letras.
O projeto começou em setembro do ano passado, por iniciativa da juíza Laryssa Angélica Copack Muniz, do Tribunal de Justiça do Paraná (TJPR), que procurou a coordenação de Letras da Faculdade Secal, situada na mesma cidade. “O Cejusc oferece o suporte em relação à programação das oficinas literárias e autorizações para entrada, em parceria com a Vara de Infância e Juventude e acompanhamento do Ministério Público”, conta a juíza Laryssa, que participa do Grupo de Trabalho (GT) coordenado pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ), responsável por elaborar uma minuta de resolução para implantação e estruturação de um sistema restaurativo de resolução de conflitos em tribunais estaduais e federais.
Letras de rap – Os jovens que participam das oficinas semanais pertencem a chamada “casa F”, ocupada por internos que já estão no final do cumprimento da medida e possuem bom comportamento. A estratégia adotada pelos voluntários para a aproximação da literatura ao universo dos adolescentes foi a abordagem por meio da música. De acordo com Josiane Aparecida Franzo, coordenadora do curso de Letras e do Ensino a Distância da Faculdade Secal, que coordena o projeto “Livres para ler”, a ideia foi partir da interpretação de letras de raps, funks e outros materiais como vídeos sobre a história do movimento Hip Hop para estudar temas como a variação linguística, literatura e gramática. “Fazemos exercícios em cima das letras de música e começamos a trazer livros para eles”, diz Josiane.
Segundo a coordenadora, no início os adolescentes tinham receio de expor a sua própria história, mas essa barreira foi sendo rompida. “O projeto despertou a autoestima desses jovens, que é muito baixa, e mostrou que eles têm oportunidade de mudar de vida”, diz Josiane. Em dezembro, os jovens compuseram uma letra que foi musicada com auxílio de músicos voluntários da cidade que foram até o Cense.
Justiça Restaurativa – Outro projeto em andamento, desenvolvido pelo Cejusc de Ponta Grossa, atende a menores infratores que cumprem a medida socioeducativa em meio aberto, que têm a oportunidade de participar de oficinas de filosofia. Nas aulas, os jovens refletem sobre o mundo do crime e os atos infracionais que praticaram. Eles também envolvem suas famílias em círculos de Justiça Restaurativa, uma abordagem consensual de solução de conflito que pode ser utilizado em qualquer etapa do processo criminal.
Luiza de Carvalho Fariello
Agência CNJ de Notícias