Maria da Penha: réus têm encontros de reflexão, em Joinville (SC)

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Na comarca de Joinville, um projeto inédito ajuda homens autores de violência doméstica a entender as diferenças de gênero e como isso tem reflexo no ciclo da violência. O grupo “Passos para a Resiliência: um olhar sobre o homem autor de violência doméstica” iniciou suas atividades há mais de um mês, após a aplicação de medidas protetivas pelo juiz Edson Luiz de Oliveira, da 4ª Vara Criminal da comarca de Joinville. “O papel do Judiciário não é apenas condenar. Acredito que não faz sentido só aplicar sanção a quem comete um delito. Precisamos entender os aspectos que envolvem a violência doméstica. Este projeto tem se mostrado muito importante e eficaz”, frisa o magistrado. As reuniões acontecem todas as terças-feiras à tarde na Delegacia de Proteção à Criança, Adolescente, Mulher e Idoso (DPCAMI) de Joinville. O grupo foi proposto pela delegada titular, Georgia Bastos. Segundo ela, os encontros são importantes porque são uma maneira de os agressores refletirem sobre seus atos. “Desde o início das atividades do grupo, percebemos um grande avanço. E a cada encontro constatamos uma melhora significativa no comportamento desses homens, porque são encorajados a ‘pensar a vida’ de uma forma diferente”, explica a delegada.
 
Em 2017, a DPCAMI de Joinville contabilizou 822 inquéritos abertos. Deste total, 667 envolvem violência doméstica na maior cidade de Santa Catarina. “Acreditamos que esse número aumentou nos últimos anos devido ao encorajamento das mulheres em denunciar o agressor. Além disso, elas estão buscando cada vez mais seus direitos na Justiça”, argumenta a delegada, lembrando também da importância da Lei Maria da Penha nesse contexto. Fazem parte do grupo dois psicólogos, uma técnica judiciária auxiliar e um policial.
 
Com relação aos números da Lei Maria da Penha, a cidade mais populosa de Santa Catarina contabilizou, somente nos primeiros nove meses deste ano, 1.348 processos em andamento. Além disso, neste mesmo período a 4ª Vara Criminal da comarca de Joinville deferiu 340 medidas protetivas de urgência.
 
As mulheres joinvilenses que sofrem violência doméstica também recebem acolhida e conseguem expor seus problemas e angústias. O Grupo de Reflexão e Reabilitação chamado “PC por Elas”, numa alusão à Polícia Civil, realiza sessões de terapia às segundas e quartas-feiras na própria DPCAMI. Este grupo foi criado há quatro anos, sob a coordenação da delegada Tania Harada. O número de participantes varia de um encontro para outro e a adesão é voluntária.

Fonte: TJSC