Servidores dos gabinetes dos desembargadores Luis José de Jesus Ribeiro e Walter Roberto Paro deram o pontapé inicial para o debate sobre o uso de ferramentas de inteligência artificial (IA) na realização de atividades no âmbito do Tribunal Regional do Trabalho da 8ª Região (PA/AP) na última semana. A reunião ocorreu no Laboratório de Inovação, Inteligência e Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (LIODS), localizado no prédio-sede do Tribunal em Belém.
De acordo com o desembargador Luis Ribeiro, o objetivo era discutir quais ferramentas estão disponíveis e suas possibilidades de uso no âmbito do judiciário. “Nós temos que observar que a inteligência artificial é uma ferramenta tal como foi o e-mail tempos atrás, que pode ser utilizada. No caso, nós estamos querendo utilizá-la como mecanismo de melhoria da produtividade; Como fazer o uso da IA para que haja um tempo menor na tramitação do processo? A ideia é essa: produtividade”.
“Hoje existem duas grandes ferramentas que estão disponíveis no mercado de forma até gratuita. Uma é o ChatGPT e a outra é o Gemini, que é do Google. E a ideia é que a gente utilize essas ferramentas gratuitas para fazermos alguns testes, sempre considerando as suas limitações, mantendo cuidado em relação à proteção de dados. E o grupo começar a pensar como fazer uma contratação [de alguma dessas ferramentas] para formalizar seu uso. Essas experiências também colaboram para uma futura regulamentação dentro do tribunal, que autorize o uso e que tenha limitações do seu uso também”, acrescenta o desembargador Walter Roberto Paro.
Com o primeiro encontro realizado no LIODS, seus participantes têm a intenção de montar um Grupo de Trabalho (GT) para estudar o uso dessas ferramentas, tanto as gratuitas quanto as pagas, e avaliar se há vantagem na contratação de uma delas, se há riscos no uso e para o quê elas podem ser utilizadas. “É uma discussão mais ampla de uso e de potencial uso”, pontua Dr. Paro. Há ainda a intenção, através do GT, de buscar experiências realizadas em outros tribunais. “Uma vez que a ferramenta já está aí há algum tempo, nós vamos buscar essas experiências que estejam mais avançadas do que a nossa para que a gente possa então usar dessa expertise e melhorar o nosso processo de trabalho”, acrescenta Dr. Luis Ribeiro.
A intenção dos magistrados é que os possíveis resultados positivos do uso das ferramentas de IA em seus gabinetes possam ser bem documentados e assim utilizados como referência para sua implantação em outros gabinetes/setores do TRT-8. “Aqui nós tivemos servidores que têm uma ‘empatia’, vamos dizer assim, pela temática. E a partir daí queremos criar um projeto piloto, e fazer com que o próprio setor de tecnologia do Tribunal abrace também essa causa, que se incorpore essa dinâmica de trabalho junto aos gabinetes para que a gente tenha mais tempo para outras atividades, isso pode ser ganho de tempo e ganho de vida”, finaliza o Dr. Luís Ribeiro.
Como coordenador do LIODS, o servidor Alex Barros destaca que é essencial a divulgação de ferramentas, incentivar a curiosidade e o compromisso das pessoas em buscar tecnologias que possam auxiliar as atividades do Tribunal. “Então, no caso, nós estamos aqui com três gabinetes, onde seus servidores querem otimizar o serviço do gabinete, de forma a diminuir a burocracia. Esse aspecto para nós é essencial. Como laboratório, nós vamos buscar junto às outras entidades ou setores que utilizam inteligência artificial e ver de que forma a expertise deles pode nos auxiliar, porque, se a inteligência artificial realmente veio para ficar, nós temos que ver que, como Tribunal, como instituição, como isso irá nos afetar, inclusive em relação às questões éticas”, acrescenta.
Fonte: TRT8