O Núcleo Permanente de Métodos Consensuais de Solução de Conflitos (Nupemec) do Tribunal de Justiça do Estado de Goiás (TJGO), que está selecionando novos parceiros para integrar o Mediar é Divino, elaborou um passo a passo para os interessados da capital e do interior aderirem ao Programa, que tem como meta difundir a cultura do diálogo e do fortalecimento dos métodos alternativos de solução de conflitos, em especial a mediação, no âmbito das entidades religiosas.
A ideia é utilizar os religiosos, em razão de sua relação de confiança com seus fiéis, como instrumento de pacificação social. O TJGO faz a capacitação desses líderes, tais como padres, pastores, presidentes, aconselhadores espirituais, participantes e colaboradores diretos dentre outros, com perfil de mediador e (ou) conciliador que, normalmente, já atuam em expedientes de aconselhamento nos templos religiosos, em técnicas adequadas de resolução de conflitos (conciliação/mediação). Os conciliadores e mediadores indicados e que forem capacitados atuarão de forma voluntária no Espaço Mediar.
Problemas rotineiros como divórcios, questões familiares e briga entre vizinhos são assuntos levados pelos fiéis para discussão particular nas igrejas. Agora, esta pacificação natural promovida pelos líderes religiosos poderá ser homologada pela Justiça.
A ideia do projeto, lançado em 2015 durante a Semana Nacional da Conciliação, é resgatar o que era feito antigamente, quando as pessoas recorriam a esses locais para tentar resolver seus desacordos. O foco do projeto é fortalecer a cultura da paz, promover bem-estar à população e, ainda, combater a ideia de que apenas nos fóruns é possível encontrar soluções para as divergências.
A cultura da conciliação é, inclusive, uma das soluções para a Justiça, conforme elucidou o coordenador-adjunto do Nupemec, juiz Romério do Carmo Cordeiro. “São 105 milhões de processos no Brasil para cerca de 200 milhões de habitantes. O dado representa a falta de diálogo e da pouca tolerância da população”.
O Projeto Mediar é Divino ganhou repercussão nacional e internacional e foi adotada em outros Estados brasileiros, como o Distrito Federal, Paraná e Rio Grande do Sul. Vários segmentos religiosos já aderiram ao projeto.
Para a formação dos mediadores, são oferecidos cursos de 40 horas de aulas teóricas e 60 horas de aulas práticas, em que os futuros conciliadores atuam para resolver conflitos que chegam aos tribunais, sob a supervisão dos instrutores. O conteúdo dos cursos e as exigências para fazê-lo são os mesmos de qualquer outro profissional – dentre as condições, é preciso ter nível universitário e ser formado há mais de dois anos.
Depois de capacitados, o próximo passo é instalar em ambientes religiosos, uma igreja ou em um terreiro de umbanda, um espaço para a conciliação, conforme os moldes do CNJ, com auxílio e fiscalização do tribunal. Em Goiânia, já existe esse espaço em duas igrejas católicas, uma evangélica e um centro espírita.
Fonte: TJGO