Em 2016, ao menos 277 adultos do Distrito Federal passaram por treinamento para adoção de crianças e adolescentes. Outras 77 pessoas receberam orientações, a fim de se tornarem padrinhos de crianças de abrigo em Brasília.
Os dados, apresentados no “III Seminário Aconchego convivência familiar e comunitária: novos vínculos afetivos para crianças e adolescentes”, organizado pela ONG Aconchego, refletem a preocupação da Justiça para a adequada formação e apoio psicológico às famílias que se constituem por meio da adoção.
Em todo país, 7.332 crianças e adolescentes esperam para ser adotados e 36.524 estão em situação de acolhimento em abrigos – conforme dados do Cadastro Nacional de Adoção (CNA) e do Cadastro Nacional de Crianças Acolhidas (CNCA), ambos coordenados pela Corregedoria do Conselho Nacional de Justiça.
No ano passado foram adotadas 1.226 crianças e adolescentes no país por meio do CNA, uma ferramenta digital lançada em 2008 que auxilia os juízes das Varas da Infância e da Juventude na condução dos procedimentos dos processos de adoção.
Encontros sobre adoção – As pessoas que procuram se preparar para adoção são encaminhadas pela Vara de Infância de Brasília aos encontros, realizados pela ONG Aconchego, ou o fazem por conta própria. De acordo com Maria da Penha Oliveira Silva, coordenadora da ONG Aconchego, os encontros de adoção representam um espaço de preparação para a adoção, realizado desde 1997.
“São palestras com objetivo de discutir temas relacionados à convivência familiar, troca de experiências sobre adoção para construir o vínculo de filiação”, diz.
Passaram pelos encontros, no último ano, 277 adultos, sendo 56% mulheres e 71,4% casados e 75,7% sem filhos. Dos participantes, 44,6% se considerava amadurecendo a ideia da adoção e 25,7% já deram entrada em processos. De acordo com Penha, nos últimos dois anos, 20 famílias se constituíram durante esses encontros.
Apadrinhamento afetivo – Programas de apadrinhamento afetivo de crianças em situação de acolhimento começam a se expandir em todo o país, proporcionado a esses jovens a convivência em família e o incentivo nos estudos. Já existem programas de apadrinhamento em pelo menos oito estados – Rio de Janeiro, São Paulo, Pernambuco, Rio Grande do Sul, Mato Grosso, Espírito Santo, Ceará, Pará e no Distrito Federal.
Uma das intenções do apadrinhamento afetivo, por exemplo, é que a criança possa conhecer como funciona a vida em família, vivenciando situações cotidianas. No Distrito Federal 77 pessoas concluíram a formação para se tornarem padrinhos e madrinhas no ano passado. Dos candidatos, 37% têm entre 30 e 39 anos e 56% são solteiros. A preparação é realizada tanto para os candidatos a padrinhos quanto para as crianças e adolescentes, por meio de encontros semanais e um período de convivência. Ano passado, foram celebrados 17 apadrinhamentos. Em relação às crianças e adolescentes que concluíram o curso para o apadrinhamento, 50% tem de 14 a 16 anos e 80% possuem o Ensino Fundamental.
Os principais motivos que levam as pessoas a querer apadrinhar uma criança é, conforme a pesquisa, fazer o bem ao próximo, apoiar a criança com novas perspectivas de vida e a troca de afeto. A ideia é que os padrinhos se tornem referência na vida das crianças e adolescentes, formando um vínculo afetivo de maneira segura e duradoura.
Luiza Fariello
Agência CNJ de Notícias