O número de crianças e adolescente acolhidos em adoção voltou a crescer em 2022. Ao todo, 66 meninas e meninos ganharam um novo lar no ano passado, superando os 59 de 2021. Para além do aumento quantitativo, a Seção de Colocação em Família Substituta da 1ª Vara da Infância e da Juventude do Distrito Federal (SEFAM/1ª VIJ-DF) destaca que os dados refletem uma incipiente mudança qualitativa no perfil dos adotados.
Em 2021, não foi acolhido nenhum grupo numeroso de irmãos, isto é, com três ou mais crianças. Em 2022, eles voltaram a figurar nas estatísticas – com a adoção de um grupo de três e outro de quatro. Ainda houve pequeno aumento na adoção de jovens com mais de 12 anos, com três acolhimentos, superando o único ocorrido em 2021. Além dessas adoções concretizadas ano passado, outros dois grupos numerosos de irmãos e três adolescentes foram aproximados a famílias, por meio do programa da 1ª VIJ de sensibilização para adoção fora do perfil desejado pela maioria dos interessados, o Em Busca de um Lar, e encontram-se em estágio de convivência. Em 2022, foram realizadas 6 adoções de crianças com deficiência ou grave problema de saúde.
Para Walter Gomes, supervisor da SEFAM, os resultados refletem o trabalho de incentivo a adoção fora do perfil clássico que vem sendo desenvolvido pela 1ª VIJ, sobretudo por meio do Em Busca de um Lar. “Temos percebido um efeito positivo envolvendo a divulgação do programa. Isso tem levado as famílias a refletirem melhor sobre o perfil de adoção pretendido e algumas delas têm, de fato, alterado esse perfil. Isso acaba se materializando na realidade da SEFAM, que vem conduzindo vários estágios com irmãos”, explica o servidor.
Diferença entre o perfil de quem adota e de quem quer ser adotado
Mesmo com esses primeiros indícios de abertura do perfil, ainda há grande diferença entre o ideal de filho buscado pelas famílias que desejam adotar e a realidade de quem espera para ser adotado no Distrito Federal. Hoje 543 famílias estão aptas a adotar – 117 habilitadas no ano passado. Desse total, cerca de 98% querem adotar crianças com até três anos; 5% está aberta a acolher grupos com três crianças ou mais; e 13% acolheriam um jovem com deficiência ou graves problemas de saúde.
Do outro lado, o cadastro de adoção do DF conta com 85 crianças e adolescentes aptos a serem adotados. No entanto, cerca de 92% deles tem mais do que os três anos de idade; 52% integra um grupo de três irmãos ou mais; e 28% tem alguma deficiência ou grave problema de saúde. Esse desencontro de perfis faz com que a conta entre quem deseja adotar e quem sonha em ser adotado não feche. A espera na fila de adoção tende a se prolongar porque o filho esperado pelas famílias não existe no cadastro.
Em Busca de um Lar
O Em Busca de um Lar foi desenvolvido pela 1ª VIJ-DF para aumentar a chance de adoção daqueles que não costumam ser a escolha óbvia dos pretendentes habilitados – adolescentes e crianças mais velhas, que pertencem a grupos de irmãos, que tenham deficiência ou graves problemas de saúde. Para alcançar esse objetivo, o programa trabalha com a ferramenta de busca ativa, isto é, a procura proativa por famílias em condições legais de adotar.
Desde 2019 a iniciativa tem proporcionado o encontro entre pais e filhos fora do perfil clássico da adoção. Em 2022, onze crianças e adolescentes entraram em aproximação com uma nova família e outro jovem foi adotado por meio do programa. Entre eles estão três grupos de irmãos e adolescentes de 16, 15 e 14 anos, perfis que costumam ser preteridos pelas famílias habilitadas à adoção. Na primeira etapa do programa, outros quatro participantes foram acolhidos – uma dupla de irmãos adolescentes, uma menina de 10 anos com deficiência e uma criança de 4 anos com paralisia cerebral. “Esses primeiros resultados reforçam a adequação e a pertinência do projeto e apontam para um futuro promissor que envolve a possibilidade de um número ainda maior de adoções no âmbito do Distrito Federal”, defende Walter Gomes, supervisor da SEFAM.
Fonte: TJDFT