Em despedida do CNJ, ministro Salomão destaca ações da Corregedoria Nacional

Você está visualizando atualmente Em despedida do CNJ, ministro Salomão destaca ações da Corregedoria Nacional
3ª Sessão Extraordinária de 2024 do CNJ - Corregedor do CNJ Luis Felipe Salomão - Foto: Zeca Ribeiro/Ag. CNJ
Compartilhe

As ações correicionais e políticas públicas implantadas pela Corregedoria Nacional de Justiça nos últimos dois anos foram destacadas ao final da 3.ª Sessão Extraordinária do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), nesta terça-feira (20/8), a última com a participação do atual corregedor nacional, ministro Luis Felipe Salomão. Após dois anos de mandato no CNJ, o ministro tomará posse como vice-presidente do Superior Tribunal de Justiça (STJ) na próxima quinta-feira (22/8). 

A dedicação e o dinamismo de Salomão foram lembrados pelo presidente do CNJ e do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Luís Roberto Barroso. “Para além do papel correicional, a Corregedoria tem papel importante na definição de políticas públicas”, afirmou.  

Entre os projetos desenvolvidos durante a gestão do ministro Salomão, estão o Programa Novos Caminhos, que visa garantir futuro promissor para jovens em situação de acolhimento; o Programa Permanente de Regularização Fundiária – Solo Seguro Favela; a campanha Um Só Coração, voltada a facilitar a doação de órgãos e tecidos. “No dia em que esse programa [de doação de órgãos] foi lançado, houve um pico de inscrições de doadores, como me informaram representantes dos cartórios”, lembrou Barroso. 

À frente da Corregedoria Nacional desde agosto de 2022, Luis Felipe Salomão disse que esse período foi uma experiência marcante. “Visitei os 27 estados e fui a praticamente todos os tribunais, órgãos e instituições de todos os segmentos integrantes do sistema de Justiça. São 87 corregedorias de Justiça com as quais procurei trabalhar integrado e em harmonia”, disse. 

De acordo com o ministro, a fiscalização, exercida por meio da atividade disciplinar, correições e inspeções, é a atividade mais conhecida da Corregedoria. “O intuito de nossas visitas foi sempre o de identificar os problemas e auxiliar as Cortes a solucioná-los”. Ele destacou que em todas as correições – ordinárias e extraordinárias – o objetivo era identificar e reproduzir boas práticas, “interagindo com a sociedade local para fazer com que o Judiciário cumpra cada vez melhor com sua missão”.  

Dentro da atuação disciplinar, Salomão disse acredita que “o bom juiz é aquele que não se envenena pela paixão, não se transvia pelo preconceito, é suave no trato, mas firme na ação e exigente no resultado”. Além disso, deve, de maneira silenciosa, restabelecer a paz social abalada pelo conflito que ele decide. “Portanto, o bom juiz não quer conviver com quem suja a toga, utilizando-a com fim político ou mediante desvio de qualquer natureza”, ressaltou. 

Modernização dos cartórios

Para além da fiscalização, Salomão ressaltou que é preciso automatizar e modernizar os cartórios extrajudiciais, que hoje somam 13 mil unidades no país. “O papel de impulsionar e implantar essa ferramenta é da Corregedoria, sobretudo com a edição da Lei n. 14.382/2022, que cria o Sistema Eletrônico dos Registros Públicos, pavimentando o caminho para a criação de cartórios digitais, uma de nossas prioridades”. Para isso, já está em funcionamento o Serp-Jud, que vai preparar as serventias para a interoperabilidade de todo o sistema. “A partir da eficiência dessas ferramentas dos cartórios, incentivam-se também as medidas de desjudicialização, como, por exemplo, união estável, adjudicação compulsória, inventários com testamentos, entre outros”, destacou. 

Salomão também exaltou o trabalho da equipe da Corregedoria, formada por juízes auxiliares e servidores. “Essa equipe planejou cada passo dessa jornada. Nada foi realizado sem preparação prévia, desde a Consolidação Normativa que unificou todos os procedimentos da Corregedoria, a preparação meticulosa para cada correição, passando pelos manuais de fiscalização e procedimentos disciplinares, até os projetos de grande alcance social.” 

O novo corregedor nacional, ministro Mauro Campbell, tomará posse no dia 3 de setembro. Até lá, o cargo será ocupado interinamente pelo conselheiro Caputo Bastos, ministro do Tribunal Superior do Trabalho (TST).  

Reconhecimento

Os conselheiros também destacaram a relevância do trabalho da Corregedoria, que atuou, durante a gestão do ministro Salomão, com foco voltado aos mais vulneráveis, como o esforço da campanha do “Registre-se”, que teve atenção principalmente ao atendimento da população de rua e da população carcerária. 

Decano entre os conselheiros, Bandeira de Mello exaltou a coragem, firmeza de posições e iniciativa do corregedor nacional, o que demonstrou a vontade de aperfeiçoar o Judiciário e de fazê-lo cumprir seu papel. “A criação do SerpJud, por exemplo, será uma revolução no extrajudicial, além da sensibilidade e a relevância de projetos como o Solo Seguro e Registre-se”, destacou. 

Já a conselheira Daniela Madeira, que também já foi juíza auxiliar da Corregedoria, disse que, além da atividade correicional, o ministro teve a sensibilidade para implantar políticas públicas voltadas à população mais vulnerável. “Sou testemunha de sua cordialidade e sua disposição ao diálogo”, afirmou.  

Também manifestaram seu apreço o representante do Ministério Público, o subprocurador-geral da República, José Adonis Callou de Araújo Sá; a presidente da Associação Nacional dos Magistrados da Justiça do Trabalho (Anamatra), Luciana Paula Conforti; e a representante do Conselho da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Cláudia Lopes Medeiros.  

Reveja a 3.ª Sessão Extraordinária no canal do CNJ no YouTube

Texto: Lenir Camimura
Edição: Thaís Cieglinski
Agência CNJ de Notícias 

Macrodesafio - Aperfeiçoamento da gestão administrativa e da governança judiciária