Durante o último painel do webinar “Trabalho Infantil Artístico e o Mundo Digital”, realizado pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ), a psicóloga Nara Helena Lopes da Silva foi taxativa: “Vivemos uma pandemia de saúde mental, com o aumento dos sintomas de ansiedade e depressão, fobia e transtornos em geral, o que exige que as pesquisas no âmbito digital sejam mais aprofundadas.”
De acordo com a especialista, a evolução do mundo digital atinge crianças e adolescentes de modo diferenciado pelo fato de serem considerados “nativos digitais”, ou seja, nasceram com a tecnologia e são fluentes no universo on-line. “Acho difícil conversar com algum jovem que não tenha postado uma imagem de si mesmo em alguma plataforma digital”, destacou. Ela também alertou que crianças e adolescentes têm sido vítimas de algum tipo de violência on-line, como cyberbullyings, o que tem causado problemas emocionais significativos em suas vidas.
Atenção permanente
A procuradora do Trabalho, Ana Maria Villa Real, destacou a importância do permanente diálogo sobre a responsabilização das plataformas digitais. “A sociedade brasileira carrega consigo pouco valor em relação à infância. A gente trata criança como um “miniadulto”, por isso somos tão permissivos em relação ao trabalho infantil artístico, considerado tão celebrizado”, disse.
O secretário especial de Programas, Pesquisas e Gestão Estratégica (SEP) do CNJ, Ricardo Fioreze, assegurou que o órgão vai manter, de forma perene, os debates sobre os temas tratados no evento, diante da relevância do assunto e da proteção integral das crianças e dos adolescentes.
O ministro do Tribunal Superior do Trabalho (TST) Evandro Valadão, que presidiu o último painel, afirmou ser fundamental aprofundar as reflexões sobre os perigos e as necessidades do uso das tecnologias digitais. “Nesse mundo digital, nós não sabemos ao certo o que acontecerá com o nosso futuro e nem com o das nossas crianças, o que traz, certamente, muito mais responsabilidade para todos nós”, encerrou.
O webinar foi promovido pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ), pelo Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP), pelo Ministério Público do Trabalho (MPT) e pelo TST e está disponível no YouTube:
Texto: Michelle Martins
Edição: Karina Berardo
Agência CNJ de Notícias