CNJ alerta Justiça de Goiás sobre gravidade de denúncias de violação de direitos humanos em presídios

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Inspeção da equipe do DMF na Casa de prisão Provisória em Aparecida de Goiânia. Foto: Luiz Silveira/Agência CNJ
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No quarto dia da força-tarefa do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) que inspeciona o sistema prisional de Goiás, equipes que visitam presídios encaminharam para a coordenação do trabalho, sediada no Tribunal de Justiça de Goiás (TJ/GO), mais constatações de violações dos direitos humanos: maus-tratos, torturas, inclusive com o uso de choques elétricos, intimidações, ameaças e celas em condições degradantes. A situação das pessoas que cumprem pena de privação da liberdade e que estão sob a tutela do Estado foi pauta de reuniões com representantes do Poder Judiciário goiano nesta quinta-feira (1/6).

Integrantes do Grupo de Monitoramento e Fiscalização do Sistema Carcerário do Estado de Goiás (GMF/GO) puderam conhecer as primeiras impressões das equipes que, até o final do trabalho de campo da missão, nesta sexta-feira (2/6), terão visitado 19 presídios de Goiás. Os magistrados goianos também ouviram o detalhamento das informações que motivaram a inspeção e subsidiam o planejamento das ações da equipe do Conselho, composta por 58 pessoas, das quais 25 são juízes de diferentes unidades da Federação. Desde 2021, o CNJ vem recebendo denúncias sobre as condições de vida das mais de 28 mil pessoas que formam a oitava maior população carcerária do país em Goiás.

O coordenador da força-tarefa, juiz auxiliar da Presidência do CNJ e coordenador do Departamento de Monitoramento e Fiscalização do Sistema Carcerário e do Sistema de Execução de Medidas Socioeducativas (DMF/CNJ), Luís Lanfredi, manifestou preocupação com a possibilidade de as denúncias chegarem às instâncias internacionais de direitos humanos. “O CNJ é a última trincheira para a busca de uma solução estruturada para uma situação problemática, evitando o acionamento do sistema Internacional de proteção dos direitos humanos (SIDH). É algo que pode trazer danos à imagem do Brasil, desacreditando as autoridades públicas e que resulta em desprestígio com consequências morais e financeiras de difícil reversão a curto e médio horizontes.”

CNJ acompanha inspeções em Aparecida de Goiânia. Foto: Luiz Silveira/Agência CNJ

O GMF de Goiás manifestou disposição para atuar sob a coordenação do CNJ. “Estamos comprometidos em nome de uma melhor gestão do sistema carcerário goiano, empenhados para o aperfeiçoamento da gestão dos presídios”, disse a coordenadora do GMF e juíza da 1.ª Vara de Execução Penal de Goiânia, Telma Aparecida Alves Marques. “Penso que. para vencermos, precisamos de informação qualificada.”

Varas de Execução Penal

Os representantes do CNJ em Goiás também se reuniram com 55 juízes e juízas responsáveis por Varas de Execução Penal (VEP) sediadas em municípios do estado e na capital. “A legalidade que buscamos é a do rigor e da disciplina no cumprimento da pena, mas também a da preservação da dignidade, da integridade e do adequado tratamento dispensado ao detento e à detenta, e preservação da qualidade da intervenção e condições de trabalho do policial penal”, disse Lanfredi durante a abertura do encontro. A ocasião também deu oportunidade para os integrantes da força-tarefa que se dedicam ao aperfeiçoamento do Sistema Eletrônico de Execução Unificado (SEEU) e do Banco Nacional de Monitoramento de Prisões (BNMP) falarem sobre o trabalho de melhoria dessas ferramentas. A qualificação do SEEU, que integra 1,5 milhão de processos em 35 tribunais do país, faz parte do rol de ações do programa Fazendo Justiça, executado pelo CNJ em parceria com o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud) e importante apoio da Secretaria Nacional de Políticas Penais (Senappen). Clique aqui para saber mais sobre o desenvolvimento da ferramenta.

Hoje, último dia previsto para a inspeção in loco do sistema prisional de Goiás, a ministra Rosa Weber, presidente do Conselho Nacional de Justiça, cumprirá agenda na região metropolitana da capital goiana e se reunirá com autoridades estaduais e magistrados.

Texto: Luís Cláudio Cicci
Edição: Thaís Cieglinski
Agência CNJ de Notícias

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