Pessoas com interesse em adotar crianças com mais de oito anos representam menos de 1% do total de pretendentes à adoção, segundo o Cadastro Nacional de Adoção (CNA). Criado pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ) em abril de 2008, o CNA reúne informações sobre pretendentes e crianças ou adolescentes disponíveis para a adoção.
O objetivo do Cadastro é acelerar os procedimentos e contribuir para a criação de políticas públicas na área. Levantamento do último dia 10 de fevereiro revela que o Brasil tem atualmente 4.914 crianças e adolescentes à espera de uma família. O número total de interessados em adotar permanece quase cinco vezes maior, em 27.437.
O juiz auxiliar da Corregedoria Nacional de Justiça e coordenador do CNA, Nicolau Lupianhes Neto, explica que vários fatores contribuem para a demora do processo da adoção. Um deles é a falta de estrutura em algumas varas da infância e juventude responsáveis pelo procedimento. “Uma dificuldade está relacionada à falta de equipes multidisciplinares. Há um número reduzido para atender a vários segmentos, como as varas de família. A adoção deveria ter equipes próprias”, diz o juiz.
Exigência – O coordenador do CNA destaca ainda que a exigência dos pretendentes é uma das principais razões de muitas crianças e adolescentes continuarem esperando por novas famílias. “A maioria dos pretendentes tem um perfil da criança desejada. Geralmente preferem meninas, brancas, com até dois anos e sem moléstia e irmãos. Poucos se enquadram nesse perfil. Essa é uma das razões pelas quais o número de pretendentes é maior”, afirmou.
De acordo com o levantamento, 91 % dos pretendentes querem adotar crianças brancas. Pardas são aceitas por 61,2% dos interessados. E negras são as preferidas por 34,3% das pessoas que querem adotar. Dos cadastrados, 36,1% tem preferência por crianças amarelas e 33,2% aceitam crianças indígenas.
Um percentual de 82,7% das pessoas inscritas no CNA desejam adotar apenas uma criança. A proporção cai consideravelmente para os que se interessam em adotar duas crianças – estes somam 16,2%, segundo o último levantamento. Já em relação aos interessados em adotar três crianças, o percentual cai para 0,77%.
Outra restrição dos pretendentes é a idade. O CNA revela que 17,9% querem adotar bebês com até 11 meses de vida. O levantamento mostra ainda que o percentual de interessados em adotar crianças com cinco anos, segundo o CNA, é de apenas 9,10%. Com seis anos de idade, o índice de interessados chega a 3,12% e com até sete anos, chega a 1,66%. A proporção cai para menos de um por cento para crianças com mais de oito anos (0,80%).
Perfil – O CNA traz informações sobre o perfil dos pretendentes. Segundo o último levantamento, a maior parte dos pretendentes (48,84%) reside na Região Sudeste. Com relação ao estado civil, 21.850 são casados, 2.368 são solteiros, 2.312 vivem em união estável, 508 são divorciados, 207 são viúvos e 192 são separados judicialmente.
Em relação à idade dos pretendentes, 1.084 tem de 41 a 50 anos de idade. O segundo maior grupo de interessados em adotar tem entre 31 e 40 anos (8.551 do total de inscritos). Em seguida, estão as pessoas com mais de 61 anos (3.481), com 51 a 60 anos (3.304) e entre 21 e 30 anos (1.013).
Quanto à renda, 6.557 dos cadastrados ganham de três a cinco salários mínimos. Outros 5.962 recebem de cinco a 10 salários e 4.273 têm renda de dois a três salários. Também, de acordo com o levantamento, 6.703 dos pretendentes têm filhos biológicos e outros 2.568 já têm filhos adotivos.
Giselle Souza
Agência CNJ de Notícias