Cármen Lúcia: Ética não é uma escolha. É a única forma de se viver sem o caos

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A presidente do Supremo Tribunal Federal (STF) e do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), ministra Cármen Lúcia, disse hoje (15/8) que há, na sociedade brasileira, um “estresse social” à espera de resultados imediatos.

“A população clama por Justiça e é contra a impunidade. A ética não é uma escolha, mas a única forma de se viver sem o caos”, afirmou ao falar sobre o papel da Justiça e do Judiciário no atual contexto do País, em palestra no IV Fórum Jovem Pan Mitos e Fatos, em São Paulo.

Para a Ministra, os valores podem mudar ao longo do tempo, mas a busca por Justiça é permanente e as instituições precisam dar uma resposta à sociedade. “Corrupção é um ato de traição contra o cidadão. Corrói as instituições, deteriora a política e descontrola a economia: um fator de destruição institucional ”.

Cármen Lúcia disse que é necessário combater os privilégios e transformar o Brasil em uma República verdadeira. Ela propôs a união de todos os brasileiros em uma ação de cidadania contra a corrupção e pela Justiça.  

Para a ministra, a exemplo da Ação da Cidadania contra a Fome e a Miséria lançada em 1993 pelo sociólogo Herbert de Souza, o Betinho, os brasileiros devem se unir no combate à corrupção e na busca de um país ético, justo e solidário. “Uma sociedade tem o direito de abrir mão de valores éticos em nome de interesses pessoais?”, indagou. 

“Estamos no mesmo barco. Se der certo, a um bom porto, se der errado, afundaremos todos nós”, disse ao reforçar a necessidade de união da sociedade para combater as mazelas da corrupção e dos privilégios. 

Na avaliação de Cármen Lúcia, é preciso que o cidadão brasileiro tome para si a consciência de que é possível a construção de um novo modelo de país, afastando a concepção de que “se deve ter vantagem em tudo”. Citando frases que, segundo a ministra, refletem um sentimento social conformista de que “sempre foi assim” ou “todo mundo faz”, ela reforçou que corrupção é crime e como tal deve ser investigado, processado e punido. 

A ministra afirmou que não é contra a política, mas a forma como a política é feita no Brasil. “É preciso mudar a forma de fazer política”, enfatizou. Citando a filósofa alemã Hanna Arendt (1906-1975), para quem ou há política ou há guerra entre as pessoas, Cármen Lúcia disse que não acredita que se possa viver fora da política. “A política é a forma de a gente viver com nossos consensos e não nossos dissensos”.

Segundo Cármen Lúcia, o Brasil tem boas leis como a Lei da Improbidade Administrativa (Lei n. 8.429/1992) e a Lei Maria da Penha (Lei n. 11.340/2006), que são copiadas em outros países, mas que aqui encontram dificuldades para serem cumpridas. E fez uma declaração de amor ao Brasil e de crença em seus cidadãos: “Eu quero mudar o Brasil, não quero me mudar do Brasil”.

 

 

Adriana Romeu

Ascom/STF