Uma exposição de produtos artesanais chama a atenção das pessoas que circulam no Fórum Desembargador Sarney Costa. São peças produzidas por recuperandos atendidos na Associação de Proteção e Assistência aos Condenados (Apac), destinada a presos de São Luís. A maioria dos expositores conheceu e desenvolveu o gosto pelo artesanato depois que chegaram à entidade, localizada no município de Paço do Lumiar.
Na exposição, que ficará no Fórum de São Luís até sexta-feira (4/9), há peças confeccionadas com papel de jornal, palitos de picolé e de churrasco, sacolas plásticas, telhas, lã e outros materiais recicláveis. Jarros, luminárias, porta-joias, cestas, telhas decorativas, bonecas e chaveiros podem ser adquiridos a preços que variam de R$ 5 a R$ 100. Há também quadros pintados com a técnica óleo sobre tela. A Galeria de Artes Celso Antônio de Menezes, localizada no hall do fórum, pode ser visitada de segunda a sexta-feira, das 8h às 18h.
A exposição é uma iniciativa da 1ª Vara de Execuções Penais, em parceria com a Diretoria do Fórum e a direção da Apac. Segundo a juíza titular da unidade judiciária, Ana Maria Almeida Vieira, o objetivo é divulgar para a sociedade que os presos estão trabalhando, possibilitar que eles vendam seus produtos artesanais e seus familiares tenham uma fonte de renda.
“Houve um período que nossa família viveu exclusivamente da venda dos produtos que meu marido confecciona na Apac”, disse a dona de casa Silvia Lima, mulher do lavrador e artesão R.M.P, 61 anos, condenado por homicídio e que está em trabalho de recuperação há cerca de seis meses na entidade, depois de cumprir parte da pena na Penitenciária de Pedrinhas. “Quando ele cumprir toda a pena e voltar para casa, vamos continuar investindo no artesanato para nosso sustento”, afirmou. A esposa conta que foi nas atividades da laboraterapia (terapia feita por meio do trabalho) que o marido começou a produzir as peças.
Ressocialização – Ao visitar a exposição, o advogado Jocundo Franco Filho elogiou a iniciativa do trabalho que, segundo ele, ajuda na ressocialização de pessoas que cumprem pena. “É um trabalho digno e honroso que demonstra força de vontade dos próprios recuperandos e também de que o ser humano é recuperável”, afirmou o advogado. Para a juíza Ana Maria Almeida Vieira ressaltou que os recuperandos atendidos na Apac demonstram a esperança de, quando concluírem suas penas, poderem continuar com suas atividades produtivas na sociedade. De acordo com a magistrada, a família é muito importante nessa recuperação.
Atualmente, há 40 presos do regime aberto e semiaberto atendidos na associação. Além do artesanato, eles trabalham como pedreiros e ajudantes e também no plantio de hortas no local. A juíza informou que há uma proposta de ampliar para 80 o número de vagas na associação, que mantém convênio com o governo estadual.
Os recuperandos encaminhados para associação passam por uma criteriosa triagem da Secretaria da Justiça e da Administração Penitenciária (Sejap). Além da obrigação de se submeter às regras do método Apac, é necessário que o beneficiado trabalhe. A magistrada Ana Maria Almeida Vieira explicou que quem não obedecer às regras e não se adaptar retorna para o regime comum de cumprimento de pena.
Fonte: CGJ-MA