A carência de vagas em creches públicas do Recanto das Emas, localizado a 25 quilômetros do centro de Brasília, foi um fator de estímulo para a criação do Projeto Integral de Vida (Pró-Vida). A iniciativa desenvolve ações que atendem a quase 200 crianças com idade entre três e cinco anos e a 150 crianças e adolescentes de seis a 17 anos, no contraturno escolar. Todas são de famílias vulneráveis.
A assistente social do projeto, Ariceya Albuquerque, explica que a iniciativa supre, em parte, a falta de vagas do sistema público, com uma atenção multidisciplinar. “Além da orientação educacional, conseguimos articular uma rede que reúne atendimento médico, pediátrico, odontológico, fonoaudiológico e psicopedagógico”, afirma.
O Pró-Vida ocupa uma área de 50 hectares, com atividades educativas e esportivas. Para isso, dispõe de campo de futebol, ginásio, campo sintético, piscinas semiolímpica e infantil e playground. Os alunos praticam futebol de salão, rúgbi e ballet. O local abriga também uma reserva ecológica, lago com criação de peixes e área com árvores frutíferas. As crianças atendidas, todas do Recanto das Emas, chegam ao programa encaminhadas pela Rede Pública de Ensino do Distrito Federal. Atualmente, 36 funcionários desenvolvem os trabalhos, além de 12 voluntários que realizam atendimento e acompanhamento para capacitação das equipes.
Ariceya conta que, no projeto, foram desenvolvidas ações para o atendimento e prevenção à violência doméstica e combate à exploração sexual de crianças. E parcerias com o Corpo de Bombeiros e a Polícia Militar foram firmadas para atuar na conscientização e no combate ao uso de drogas e de violência em todos os níveis. “O trabalho envolve os pais, que são estimulados a participar. Também contamos com material educativo adequado à faixa etária da criança”, descreve.
Todas essas iniciativas reunidas compõe o Programa de Ações Integradas de Proteção à Criança, consolidado em 2019. O trabalho do Pró-Vida é acompanhado pelo Conselho Tutelar, que também utiliza o espaço para reuniões comunitárias onde se debatem temas de interesse local. Essa abertura e a contribuição com questões de interesse da comunidade, na avaliação da assistente social, fortalecem a integração e estabelecem laços que refletem na elevação da confiança da vizinhança na instituição.
Prêmio CNJ de Boas Práticas
O Projeto Integral de Vida (Pró-Vida) foi uma das boas práticas voltada à promoção e atenção à primeira infância reconhecida pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ). Premiado em terceiro lugar na categoria “Sociedade Civil Organizada”, o Pró-Vida foi reconhecido pela eficácia, eficiência, inovação, replicabilidade, custos e recursos de implementação, intersetorialidade e alcance social das práticas. Nesta categoria foram analisados 84 projetos implementados em várias partes do Brasil.
Saiba mais: Boas práticas na primeira infância são premiadas
As três melhores práticas de cada categoria receberam certificado e troféu. As selecionadas na categoria Sociedade Civil Organizada ainda foram premiadas com valores de R$ 20 mil, R$ 15 mil e R$ 10 mil, para o primeiro, segundo e terceiro lugares, respectivamente. O objetivo é contribuir com a continuidade da prática e estimular a criação e implementação de novos projetos pelas instituições.
Ariceya considera que a premiação pelo CNJ é um reconhecimento ao esforço de todos que se dedicam a oferecer o melhor para as crianças que participam do projeto. “Na verdade, o prêmio foi uma surpresa. Ele vem coroar dois anos de trabalho e demonstra que nossas ações estão adequadas ao Marco Legal da Primeira Infância, conforme reconhecido pelo CNJ”, afirma. Ela lembra que o trabalho desenvolvido pelo Pró-Vida também tem o reconhecimento do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef). “Assim como nossa responsabilidade se torna imensa, a premiação também é uma oportunidade”, declara.
Jeferson Melo
Agência CNJ de Notícias