Abertas inscrições de capacitação sobre documentos para pessoas privadas de liberdade

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Foto: Isabela Lanave / Fazendo Justiça
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Depois de reunir quase 10 mil participantes no último ano, o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) realiza, nos dias 4, 5 e 6 de junho, o terceiro Ciclo de Capacitação online da Ação Nacional de Identificação Civil e Emissão de Documentos para as Pessoas Privadas de Liberdade. As formações são um passo importante para garantir a sustentabilidade desta iniciativa, que chegou a todas as capitais do país em 2023 e que agora trabalha para impulsionar a implantação também no interior. Desde que foi lançada, em 2021, mais de 210 mil ações de emissão de documentos já foram realizadas e em mais de 240 mil pessoas atendidas no fluxo de identificação civil.

O curso terá um webinário de apresentação, aberto ao público geral, com transmissão ao vivo pelo canal do CNJ no YouTube, seguido por oito módulos formativos, focados em três grandes temas: Identificação Civil, contemplando a ação durante audiências de custódia e coleta do passivo nas unidades prisionais; Emissão de Documentos, tratando da integração com o Sistema Eletrônico de Execução Unificado (SEEU) e dos procedimentos facilitados para a emissão de diferentes documentos; e Suporte ao usuário, para auxiliar na instalação dos softwares e utilização dos equipamentos que compõem os kits de biometria. As inscrições podem ser realizadas em um ou mais módulos.

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“O sucesso da Ação Nacional mostra que ainda precisamos cuidar desse pressuposto tão básico de cidadania que é o direito a ter um documento. Por isso, o CNJ aposta nesse fluxo contínuo de capacitação e qualificação de servidores do Executivo e Judiciário como pilar fundamental, atendendo tanto àqueles que ingressam no sistema penal, nas audiências de custódia, como aquelas que já se encontram em unidades prisionais. Com um documento em mãos e devidamente identificadas, essas pessoas terão acesso a serviços essenciais e a uma vida mais digna na retomada do convívio em liberdade, garantindo uma sociedade mais justa e segura para todos e todas”, destaca o coordenador do Departamento de Monitoramento e Fiscalização do Sistema Carcerário e do Sistema de Execução de Medidas Socioeducativas (DMF) do CNJ, Luís Lanfredi.

Para o juiz auxiliar da presidência do CNJ com atuação no DMF João Felipe Menezes Lopes, os ciclos de capacitação são essenciais para assegurar que aqueles e aquelas que operam esses sistemas e procedimentos estejam alinhados com as últimas novidades e boas práticas no tema. “Isso não só aumenta a eficiência do processo, mas também garante que estejamos proporcionando o melhor suporte possível para os profissionais da área, com as ferramentas e informações mais atualizadas”.

A ação integra o escopo de ações do programa Fazendo Justiça, coordenado pelo CNJ em parceria com o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) e a Secretaria Nacional de Políticas Penais (Senappen), do Ministério da Justiça e Segurança Pública. Nesta formação específica, conta ainda com o apoio do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), da Associação dos Registradores de Pessoas Naturais (Arpen) e da Receita Federal.

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Relatos de quem já participou

O terceiro ciclo de capacitação é destinado a servidores e gestores das secretarias de administração penitenciária; servidores e gestores do Poder Judiciário, em especial, dos Grupos de Monitoramento e Fiscalização e das Corregedorias; membros dos Comitês de Erradicação do Sub-registro de Nascimento, grupos de trabalho e colegiados; representantes dos órgãos emissores (Arpen, Receita Federal, Institutos de Identificação, Conadi, TSE, TRE locais e PRF); representantes de ministérios e do sistema de justiça; além de demais parceiros do programa Fazendo Justiça e da comunidade em geral.

A policial penal e secretária-adjunta de atendimento e humanização penitenciária no Maranhão Kelly Carvalho participou do último ciclo, realizado em novembro de 2023. Ela avalia que a iniciativa contribui para a consolidação de uma política penitenciária mais eficiente. “O impacto dessa ação é de fato gerar cidadania, que é o primeiro passo essencial para todas as demais coisas que são necessárias na execução da pena e na reinserção social de pessoas egressas”, disse. “Só com documentação essa pessoa pode ser plenamente inserida nas atividades educacionais, nos cursos de profissionalização, nas vagas de trabalho e no acesso a demais direitos sociais”.

A também policial penal Régia Meneses, do Rio Grande do Norte, ressaltou que “a capacitação em identificação biométrica contribuiu não apenas aumentando o conhecimento e as habilidades da equipe, mas também promovendo uma cultura de aprendizado contínuo e de colaboração, resultando em uma equipe mais competente, confiante e motivada”. Ela afirma que iniciativas como essa promovem uma melhoria da precisão e eficiência, reduz erros e promove a valorização profissional.

Integrante da diretoria-geral de administração penitenciária em Goiás, Arthur Tabosa Matos também relembra que o curso é uma oportunidade não só para entender a forma de executar os procedimentos, mas também esclarecer dúvidas. “Para as pessoas privadas de liberdade, a documentação permite entender seu lugar no mundo, entender que ela faz parte de todo um contexto civil, com seus direitos e deveres em papel de cidadão, e que através disso virão oportunidades, conscientização e a possibilidade de um futuro”.

Registre-se

A atuação do DMF/CNJ por meio do programa Fazendo Justiça é parte complementar de movimento que a Corregedoria Nacional de Justiça realiza por meio do programa Registre-se. Em formato de mutirão anual, a ação realizada na última semana, de 13 a 17 de maio, focou na garantia de documentação a populações com vulnerabilidade acrescida, atuando junto à população indígena e população privada de liberdade.

No segundo caso, o processo se inicia com a busca da certidão de nascimento pela Central de Informações do Registro Civil (CRC-Jud) voltada à utilização do Poder Judiciário, já com um fluxo definido e consolidado junto às Varas de Execução Penal.

O fluxo faz parte de uma importante articulação fomentada pelo CNJ, que, por meio do Acordo de Cooperação Técnica nº 26/2019 com a ARPEN, tem promovido acesso à plataforma CRC-Jud não só ao Poder Judiciário, mas também às Administrações Penitenciárias, Administrações de Sistemas Socioeducativos e demais equipamentos de atendimento às pessoas egressas, viabilizando a consulta na base nacional integrada e a solicitação de emissão de segunda via de Certidões de Registro Civil, como a Certidão de Nascimento. Confira todas as notícias sobre os resultados da Campanha Registre-se 2024 pelo país.

Texto: Leonam Bernardo
Edição: Nataly Costa e Débora Zampier
Agência CNJ de Notícias

Macrodesafio - Aprimoramento da gestão da Justiça criminal