Terminou na última quinta-feira (29/8) o Pop Rua Jud Sampa 5, no bairro de Itaquera, na cidade de São Paulo, com oferta de serviços como emissão de documentos, benefícios previdenciários e assistenciais, alimentação, varal solidário, corte de cabelo, auxílio emergencial, consulta e liberação de Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS), cadastro e atualização em programas sociais, saúde, orientações sobre direitos, atendimento a imigrantes e vacinas em animais de estimação.
Sob coordenação do Tribunal Regional Federal da 3ª Região (TRF3), a ação começou no dia 27 e ocorre no Poupatempo Itaquera, localizado na Avenida do Contorno. O evento tem como objetivo garantir à população em situação de rua e vulnerabilidade social acesso a serviços de cidadania e justiça, por meio da atuação conjunta de instituições públicas e organizações não governamentais.
A coordenadora do programa Pop Rua Jud na Justiça Federal da 3ª Região, juíza federal Marisa Cucio, explicou que o projeto, na capital paulista, foi realizado pela primeira vez fora da área central. “É muito importante levar o mutirão a um bairro distante. Oferecemos um atendimento global”, enfatizou.
A força-tarefa está inserida nas políticas públicas judiciais promovidas pelo Comitê Regional Pop Rua Jud do Estado de São Paulo, instituído pela Resolução Conjunta nº 4/2023.
“A população em situação de rua, além de estar geograficamente excluída, congrega discriminações de gênero, sexo, cor e nacionalidade. A iniciativa sinaliza inclusão”, refletiu o desembargador federal David Dantas.
Atendimentos
Leonardo Pereira da Silva foi ao Pop Rua em 28 de agosto. Ele contou que, após o falecimento da mãe, passou a viver em um albergue na Cidade Tiradentes. No mutirão, pegou roupas e tirou o documento de identidade. “Vou recomeçar minha vida”, disse.
Alexandre de Camargo mora em um hotel social e compareceu ao evento para atualizar o CadÚnico. “Consegui, foi rápido e o pessoal é muito atencioso. Concentrar os serviços em um só lugar facilita para a população”, observou.
Durante 30 anos, Norberto Carlos foi dependente químico e há quatro meses está reabilitado. No mutirão, ele conseguiu encaminhamento para uma vaga de emprego. “Saio daqui cheio de esperança. Também requisitei o FGTS e descobri que tenho um valor para receber”, acrescentou.
João Paulo Pereira dos Santos obteve o Benefício Assistencial ao Idoso no Pop Rua de Itaquera. A ação foi ajuizada em 27 de agosto e finalizada no dia seguinte. No período, foram realizadas perícias médica e social, que constataram incapacidade e vulnerabilidade socioeconômica. A Procuradoria do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) propôs acordo, ele aceitou e o termo foi homologado pela Justiça Federal. “Eu trabalhava desde 1987 e parei depois de ter sofrido vários acidentes. Antes o pedido foi negado, mas hoje deu tudo certo”, agradeceu.
A assistente social Katia Cilene Medeiros Vieira, do Centro Social Nossa Senhora do Bom Parto (Bompar), acompanhou Nonardeli do Nascimento ao Pop Rua Itaquera. “Nós organizamos toda a documentação, aqui foi feita a perícia e o benefício assistencial concedido”, falou.
Voluntários
Adriana Delboni Taricco, juíza federal em auxílio à Presidência do TRF3, relatou que o mutirão conta com grande número de voluntários, como juízes federais que tomaram posse recentemente na Justiça Federal da 3ª Região (JF3R) e universitários de instituições e cursos variados. “A população local precisava que viéssemos até aqui”, analisou.
A juíza federal Gabriela Diniz Rodrigues, que está no curso de formação da JF3R, trabalhou no Pop Rua Jud Itaquera. “É enriquecedor ter contato com realidades que não são as nossas, escutar as necessidades e poder auxiliar de alguma forma”, frisou.
A estudante de Direito Gabriela Reis participou como voluntária. “É bom conhecer as experiências dessas pessoas e colaborar”, concluiu.
Esta é a quinta edição da força-tarefa na capital paulista. Três foram realizadas na Praça da Sé e uma no Parque da Luz. Ainda participam do evento o Tribunal Regional do Trabalho da 2ª Região (TRT2), o Tribunal de Justiça de São Paulo (TJSP), o Tribunal Regional Eleitoral de São Paulo (TRE-SP) e o Tribunal de Justiça Militar do Estado de São Paulo (TJMSP).
